domingo, 27 de novembro de 2011

Aula: A expansão do Reino de Deus – o Matrimônio

Aula: A expansão do Reino de Deus – o Matrimônio

Esquema:

1) ...enfim casados!

2) Palavra de Deus: Gên 2,20-25; Mt 19, 1-9

3) Cristo santifica a família para o crescimento do Reino

3.1) O matrimônio instituído por Deus

3.2) O matrimônio profanado pelo homem

3.3) Mesmo profanado, continua sendo fonte de amor

3.4) Cristo faz do matrimônio o sacramento do AMOR

3.5) Matrimônio: um compromisso de amor

3.6) Matrimônio: sinal da união de Cristo com a Igreja (favor vide abaixo):



domingo, 22 de novembro de 2009

NATAL EM FAMÍLIA




Acolher a Verdade ou a mentira?
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida.” (João 14,6).
Com esta palavra, Jesus estava indicando e afirmando ser ele mesmo o próprio caminho que conduz à verdade plena e absoluta e à vida. Em outro trecho do Evangelho de João, Jesus dá a conhecer o lado contrário da verdade durante uma discussão com os escribas e fariseus:
“Vós tendes como pai o demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele era homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.” (João 8,44).
Perceba que Jesus desmascara o demônio, que se esconde atrás da mentira. Precisamos renunciar a mentira em nossa vida e acolher a verdade. Renunciar ao demônio e suas propostas e acolher o plano salvador de nosso Deus. De quantas mentiras a sociedade se alimenta nesse tempo de preparação para o Natal?!
Constato há anos uma grande e esmagadora maioria de pessoas às vésperas de Natal, preocupadas com um milhão de coisas: comida; bebida (e muita!); preocupação com a decoração da casa, da mesa, do comércio, das ruas; preocupação com o que dar de presente para parentes, amigos (conhecidos e secretos) e até presente para inimigos!!! Concorrência para ver que faz a maior árvore de Natal; quem dá o melhor presente; a cidade mais iluminada, etc. Gente que, talvez durante todo o ano se negou a ajudar alguns pobres infelizes que lhes pedia uma moeda para matar a fome ou, gente que se negou a colaborar muitas vezes com nossas paróquias e comunidades com a desculpa do “não tenho condições” ou “lá vem ele falar de dinheiro de novo” mas, agora ao final do ano tem o suficiente, inclusive, para esbanjar com tantas futilidades. Diga-me se não são mentiras alimentadas e engordadas nesse período?!
É muito interessante ver que, no Natal – Nascimento de Jesus – acontece algo muito esquisito, contraditório e triste: esse é o único aniversário em que o próprio aniversariante não ganha presentes! Há tanta troca de presentes entre as pessoas que o aniversariante fica esquecido, Ou,… desconhecido ou ainda, não reconhecido?!
“Nele (o Verbo) havia vida e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas e as trevas não a compreenderam. O Verbo era a verdadeira Luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. Estava no mundo e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam.” (Jo 1,4-5.9-11).
“…Luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem”. Quanta treva; quanta escuridão. A humanidade escolhe viver no escuro a se abrir ao Menino Luz que nasceu no Natal. “…mas os seus não o receberam”. As portas de nossas casas e famílias estão escancaradamente abertas a uma figura bizarra e mentirosa e que é chamado de “Papai Noel”. Você pode pensar: mas e São Nicolau? São Nicolau é um santo católico que tem sua bela história de exemplo de caridade para com os pobres e necessitados e de amor a Deus. Já Papai Noel?!… Não dá mais para ficar colocando goela abaixo de nossas crianças a história do “bom velhinho” que, incentivado pelo comércio ateu, rouba a cena do Natal em detrimento dAquele que é o próprio Natal! No coração de um verdadeiro cristão não pode haver espaço para a mentira. Ou ficamos com a Verdade ou com a mentira! Ou se acolhe Jesus – Verdade ou, se deixa alojar no coração o demônio com uma de suas filhas prediletas: a mentira!
Infelizmente as portas e os corações estão abertos para “alguém” que não existe e completamente fechados para Jesus. Os pais ensinam as crianças a acreditar em Papai Noel e tem vergonha de falar de Jesus para elas! As criancinhas inocentes, coitadas, acreditam na existência do Papai Noel a ponto de se preocuparem o ano todo com o que vão ganhar dele; são incentivadas a lhe escrever cartinhas com seus pedidos, mas, não são incentivadas à oração que é a verdadeira carta que pode colocá-las em contato com Aquele que pode atendê-las e são impedidas de celebrar o único e verdadeiro sentido do Natal: J E S U S ! Aquele que já nos deu o maior de todos os presentes: a Salvação! Que situação paradoxal! Não se ensina a verdade por vergonha e perde-se completamente a vergonha para ensinar a mentira! “A luz resplandece nas trevas e as trevas não a compreenderam”.
Como é ridículo ver em muitas residências, o boneco de papai Noel numa escada pendurada nas paredes, mais parecendo um ladrão que sorrateiramente vai chegando. Jesus ao contrário, não precisa entrar escondido pela janela, chaminé ou qualquer coisa parecida. Ele entra pela porta da frente! Ele é o pastor de verdade. (cf. João 10).
Você que é pai, você que é mãe pode fazer acontecer o verdadeiro Natal em sua família. Se ainda não o fez, faça a experiência nesse Natal e você verá quantas tolices ocupavam o lugar de Jesus que é o nosso verdadeiro tesouro. Acolha a Verdade e dê um “chega prá lá” na mentira! “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e resgatou o seu povo, e suscitou-nos um poderoso Salvador…” (Lucas 1, 68-69).
Olhar para a Sagrada Família de Nazaré, Jesus, Maria e José, principais protagonistas do Natal, é voltar-se para a fonte da Luz que tanto nossas famílias necessitam. É espelhar-se na família que o próprio Deus escolheu para si. Espelhar-se nela é refletir sua luz para toda esta sociedade consumista e paganizada. É refletir sua beleza, seu amor, carinho, amizade, perdão, verdadeiros sentimentos de fraternidade e paz; sobretudo, a partir da própria célula familiar tão carente destes valores verdadeiramente positivos. Recordemos João Paulo II:
“… é na Sagrada Família, nesta originária Igreja doméstica, que todas as famílias devem espelhar-se… ela constitui, portanto, o protótipo e o exemplo de todas as famílias cristãs.” (Redemptoris Custos, 7 – João Paulo II).
Para isso acontecer é necessário esperar/preparar de maneira adequada a Solenidade do Natal do Senhor. Viver plenamente um tempo. Esperança viva d’Aquele que há de vir. Esse tempo é o Advento. Tempo propício em que a Igreja, como mãe, nos ajuda a colocar o coração em compasso de espera numa atitude expectante daquele e daquela que aguarda o nascimento de uma Vida Nova. Desejar e receber um “Feliz Natal” deveria e deve significar um compromisso de vida de alguém que, desejou e se preparou para fazer do seu coração uma manjedoura e, ali, acolher Jesus o Salvador com toda a sua mensagem, a sua Boa Nova e o novo estilo de vida que Ele mesmo veio inaugurar. Ou seja, comemorar o Natal vai além de uma festividade ou reunião fraterna em família, é um comprometer-se com a vida cristã, com um testemunho de vida coerente com a fé que se proclama.
Que este Natal seja também festa da família e da vida. Jesus veio através de uma família para salvar a família: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo tu e tua família” (Atos 31,16). Recentemente Bento XVI disse no V Encontro Mundial das Famílias – Valência-Espanha (2006): “A família é um bem necessário para os povos, um fundamento indispensável para a sociedade e um grande tesouro dos esposos durante toda a sua vida. É um bem insubstituível para os filhos, que hão de ser fruto do amor, da doação total e generosa dos pais. Proclamar a verdade integral da família, fundada no matrimônio, como Igreja doméstica e santuário da vida é uma grande responsabilidade de todos.”
É com esta responsabilidade que desejo a todos os que quiserem acolher o dono da festa, um FELIZ E SANTO NATAL!
Italo J. Passanezi Fasanella

A FAMÍLIA PERFEITA



A restauração da minha família depende da minha participação ativa A família perfeita é aquela que não desiste de caminhar, de construir e restaurar o seu lar. A família é igual a uma casa em reformas, é o maior transtorno, às vezes, poeira, entulho, tudo que uma construção pode trazer. Penso que você consiga imaginar. Mas esse retrato de uma casa em construção demonstra que ninguém está parado em si ou acha que já esteja pronto; apesar dos incômodos está em construção, em reforma, em restauração. E ninguém restaura um bem se ele não for muito precioso, e isso é um sinal muito positivo. Quem já não leu este aviso em construções públicas: “Desculpe o transtorno. Estamos em construção para atendê-lo melhor”. A primeira coisa que precisamos notar é que em casa ninguém é igual, e estamos em níveis de maturidade diferentes. Os pais têm mais experiência, mas entre eles há diferenças. Os filhos estão crescendo, sendo construídos em todos os sentidos: no físico, no psicológico e no espiritual. Aqui entra em ação o material para construir cada um, que se chama respeito e paciência com o processo do outro. Por isso, a família precisa ser o ambiente propício para as mudanças, para o crescimento e até para as crises. Ninguém deve ter vergonha de ser o que é e de estar como está em casa. Em minha opinião, existem alguns pontos primordiais para construir e restaurar a família: 1º Restaurar o relacionamento com Deus: a base do sacramento do matrimonio é o amor, sem fazer a experiência de Deus é impossível amar de verdade. O amor real, muitas vezes, passa pela experiência da morte, do aniquilamento, do esquecer-se de si mesmo; e tudo isso, sem Deus, é impossível superar. Mas é preciso respeitar a experiência religiosa de cada um, saber que ela também é individual, mas que dá para fazer um caminho para Deus, JUNTOS! 2º Fazer da minha casa um ninho de amor: na minha casa eu decido amar primeiro, o processo começa em mim, por essa razão, eu não posso cobrar aquilo que ainda não consigo dar. Procurar defeitos nos outros, culpados, não resolver as situações de tensão ou dificuldades vividas em casa, faz dela um inferno e não um pedaço do céu. Eu preciso sentir o desejo de voltar para casa, ela precisa ser o meu refúgio, meu oásis no meio do deserto. Minha casa e minha família precisam me atrair, significam porto seguro, lugar onde não importa a minha condição: EU SEI QUE SOU AMADO. 3º Partilha e diálogo: isso quer dizer onde todos crescem no conhecimento de si e dos outros. A falta de diálogo e partilha deixa crescer dentro dos membros da família os venenos que podem destrui-la, gerando os ressentimentos e as mágoas, a falta de perdão e o medo de se revelar. Dentro de casa precisa se promover um clima de confiança e aceitação do outro, eu preciso me sentir acolhido para partilhar a minha verdade. Outro dia ouvi a experiência de um movimento que se chama Equipes de Nossa Senhora, o qual trabalha com casais. Eles têm uma prática que se chama “direito de sentar-se”. Sentar-se à cadeira, sentar-se à mesa, para falar e ouvir tudo que o outro precisa dizer. ISSO É CARIDADE. Nós não podemos esquecer que cada um tem a sua parte essencial e importante na construção da família; os pais têm seu papel de pilar de sustentação e construção da casa, mas os filhos dão sentido, vigor e alegria aos genitores. E assim vamos construindo famílias restauradas. Oração Pai santo, Pai amado, a restauração da minha família depende da minha participação ativa e consciente. Do meu amor e compreensão, respeito e paciência com o processo dos meus pais e irmãos, por isso, que eu não sonegue amor e verdade, perdão e misericórdia para com os meus, que esse processo comece em mim primeiro. Eu decido amar primeiro em minha família e colaborar com a restauração do santuário da vida, que é minha casa. Amém.
Minha bênção fraterna.
Flávio Roberto
Aspirante
Missão Santos - SP

Padre Luizinho - Comunidade Canção Nova http://blog.cancaonova.com/padreluizinhoformacoes-a-familia-perfeita

A EDUCAÇÃO DOS FILHOS




O fator mais importante na educação é conquistar os filhos
Há alguns anos a polícia de Houston, no Texas, Estados Unidos, publicou o que chamou de “Dez Regras Fáceis de Como Criar um Delinquente”. É interessante refletir sobre elas, especialmente os pais e os educadores. Para isso, vamos transcrevê-las:
1. Comece na infância a dar ao seu filho tudo o que ele quiser. Assim, quando crescer, ele acreditará que o mundo tem obrigação de lhe dar tudo o que ele deseja.
2. Quando ele disser nomes feios, ache graça. Isso o fará considerar-se interessante.
3. Nunca lhe dê qualquer orientação religiosa. Espere até que ele chegue aos 21 anos, e “decida por si mesmo”.
4. Apanhe tudo o que ele deixar jogado: livros, sapatos, roupas. Faça tudo para ele, para que aprenda a jogar sobre os outros toda a responsabilidade.
5. Discuta com frequência na presença dele. Assim não ficará muito chocado quando o lar se desfizer mais tarde.
6. Dê-lhe todo o dinheiro que ele quiser.
7. Satisfaça todos os seus desejos de comida, bebida e conforto. Negar pode acarretar frustrações prejudiciais.
8. Tome partido dele contra vizinhos, professores, policiais (Todos têm má vontade para com o seu filho).
9. Quando ele se meter em alguma encrenca séria, dê esta desculpa: Nunca consegui dominá-lo.
10. Prepare-se para uma vida de desgosto.
Sem dúvida, esta é uma lista, fruto da experiência de quem trata com jovens “problemáticos” e que não pode ser desprezada. Fica cada vez mais claro que o aumento da delinquência juvenil é diretamente proporcional à destruição dos lares e das famílias. É muito fácil verificar que, na grande maioria dos casos, o “jovem problema” tem atrás de si “pais problemas”.
A vida familiar é o “arquétipo” que Deus instituiu para o homem viver e ser feliz na face da terra.
Quanto mais, portanto, as santas leis de Deus, em relação à família, forem desrespeitadas e pisadas pelos homens, tanto mais famílias destroçadas teremos, e tanto mais lágrimas rolarão dos olhos dos pais e dos filhos. Ninguém será feliz sem obedecer às leis de Deus. Antes de serem leis divinas elas são leis naturais. E a natureza não sabe perdoar quem se põe contra ela.
No capítulo 30 do Eclesiástico, a Palavra de Deus fala aos pais sobre a sua enorme responsabilidade na educação dos filhos. Ele diz: “Aquele que ama o seu filho corrige-o com frequência, para que se alegre com isso mais tarde” ( 30,1).
Infelizmente são muitos os pais que não corrigem os seus filhos: ou porque são relapsos como pais ou porque também precisam de correção, já que também não foram educados.
Mais à frente esse mesmo livro diz: “Aquele que estraga seus filhos com mimos terá que lhes curar as feridas” (30,7). Essa palavra é pesada: “estraga com mimos”. A criança mimada torna-se problema; pensa que o mundo é dela e que todos devem servi-la. Não há coisa pior para um filho. Isso ocorre muito com o filho único, objeto de “todas” as atenções e cuidados dos pais, avós e tios. Aí é preciso uma atenção especial!
“Um cavalo indômito torna-se intratável, a criança entregue a si mesma torna-se temerária” (idem 30,8).
Não pode haver mal maior do que deixar uma criança abandonada, materialmente, mas principalmente na sua educação.
“Adula o teu filho e ele te causará medo”, diz o Eclesiástico (30,9).
“Não lhes dê toda a liberdade na juventude, não feches os olhos sobre as suas extravagâncias” (idem, 30,11).
Muitos pais, vendo os filhos errarem, não os corrigem. Temos que ensiná-los a usar a liberdade com responsabilidade. E não lhes dar “toda” liberdade.
Vi certa vez uma frase, em um adesivo de automóvel, que dizia: “Adote o seu filho, antes que o traficante o faça”. De fato, se não conquistarmos os nossos filhos com amor, carinho e correção sadia, eles poderão ir buscar isso nos braços de alguém que não convém. É preciso que cada lar seja acolhedor para o jovem, para que ele não seja levado a buscar consolo na rua, na droga, na violência… fora de casa.
O fator mais importante na educação é que os pais saibam conquistar os filhos; não com dinheiro, roupa da moda, tênis de marca, etc, mas com aquilo que eles são; isto é, a sua conduta, a sua moral íntegra, a sua vida honrada e responsável. O filho precisa ter “orgulho” do pai, ter “admiração” pela mãe, ter prazer de estar com eles, ser amigo deles. Assim ele ouvirá os seus conselhos e as suas correções com facilidade.
Sobretudo é primordial o respeito para com o filho; levá-lo a sério, respeitar os seus amigos, as suas iniciativas boas, etc. Se você quer ser amigo do seu filho, então deve tornar-se amigo dos seus amigos e nunca rejeitá-los. Acolha-os em sua casa.
Diante dos filhos os pais não devem ser super-heróis que nunca erram. Ao contrário, os filhos devem saber que os seus pais também erram e que também têm o direito de ser perdoados. E, para isso, os genitores precisam aprender a pedir perdão para os filhos quando erram. Não há fraqueza nisso, e muito menos isso enfraquecerá a autoridade deles de pais. Ao contrário, diante da humildade e da sinceridade dos pais, a admiração do filho por eles crescerá. Tudo isso faz o pai “conquistar” o filho.
O educador francês André Bergè diz que os defeitos dos pais são os pais dos defeitos dos filhos. Parafraseando-o podemos afirmar também que as virtudes dos pais são os pais das virtudes dos filhos. Não é sem razão que o povo afirma que filho de peixe é peixinho. Isso faz crescer a nossa responsabilidade.
É importante que os pais saibam corrigir os filhos adequadamente, com firmeza é certo, mas sem os humilhar. Não se pode bater no filho, não se pode repreendê-lo com nervosismo nem o ofender na frente dos amigos e irmãos. Isso tudo humilha o filho e o faz odiar os pais. Conquiste o filho, não com dinheiro, mas com amor, vida honrada e presença na sua vida. E, sobretudo, leve-o para Deus, com você! São Paulo diz aos pais cristãos:
“Pais, não deis a vossos filhos motivo de revolta contra vós, mas criai-os na disciplina e correção do Senhor” (Efésios 6,4).
Flávio Roberto

POR QUE PRECISAMOS DE CURA INTERIOR?





Realizar constantemente a reconciliação com nós mesmos, com os outros e com Deus
“Aceitar livremente obedecer e ser dócil é caminho para a maturidade: tornar-se adulto psicologicamente e, sobretudo, adulto em Cristo” (monsenhor Jonas Abib).
A cura interior não só é importante como também é necessária: precisamos ser curados, Deus quer nos curar plenamente; por meio dela somos restaurados na nossa personalidade. Ela é a chave para a cura plena da pessoa. Cada dia é um dia de surpresas que o Senhor nos reserva; podemos confiar e nos abrir, sem medo, à ação do Espírito Santo.
Como saber se eu preciso de cura interior? Onde eu preciso de cura interior? São questionamentos fundamentais que nós – à luz do Espírito Santo – precisamos nos fazer, buscando o discernimento e o diagnóstico. Se um médico é cuidadoso em fazer um diagnóstico ao seu paciente, quanto mais nós precisamos ter cuidado com o diagnóstico das emoções nossas e das pessoas. É preciso se abrir ao Espírito Santo, agir, em Nome de Jesus, para o bem, porque o Senhor trabalha para o bem, para todos aqueles que O amam. Seguir o exemplo de Cristo, que passou pela terra fazendo o bem, libertando as pessoas do poder de satanás: é preciso concluir esse trabalho, é preciso ter fé e compaixão.
As etapas para viver bem esse processo:
“É fundamental colocar em ordem nossa vida passada, toda ordem tem sua estrutura na cruz de Jesus”. A cruz é e será sempre a chave de leitura da nossa história de salvação. É necessário realizar a paz dentro de nosso interior. Em nossa história realizar constantemente a reconciliação com nós mesmos, com os outros e com Deus. Visitar o passado requer uma mudança, não olhamos para trás e aceitamos. Para o homem espiritual todas as situações de sua vida lhe fazem perguntas: “Quem está comigo?” “O que Deus quis me falar?” “O que aprendi?”. Como é possível reler nossa história de salvação e transformá-la num bem? Em Cristo o Pai já realizou toda essa transformação. É necessário, pois:
1) Aceitação: Capacidade de recordar os fatos, pessoas. Jesus entra no profundo de cada um e o descobre, com amor. Ex.: Samaritana. Nenhum fato de minha história é um absurdo.
2) Reconciliação: Com a própria história, para eliminar toda negatividade. Acolher as realidades como presença misteriosa de Deus. “Quantas vezes devo perdoar?” nem tanto a quantidade do perdão, mas a qualidade deste ato. Só se pode perdoar olhando para a cruz, para o Crucificado. Recordar, sob a memória credente de Jesus, me faz recordar sem dor, mas sob a luz do Espírito: “Fazei isto em memória de mim”. Todo meu passado posso recordar sob a cruz, ela faz ativar a memória.
3) Transformação: Quando a pessoa intui a positividade das coisas, ainda que negativas. Nossa história deve ser escrita e revista como um memorial, nunca como um diário, mas celebrando: “Deus estava presente, neste, naquele momento…”. Fé histórica: encontro o Senhor em cada momento, em cada fase. No Juízo Final o Altíssimo nos perguntará: “O que você fez com a minha presença na sua história?” Encontrar o rosto do Senhor, Ele que se manifestou das mais diferentes maneiras.

Vera Lúcia Reis
artigos@cancaonova.com

A FORMAÇÃO DOS VALORES HUMANOS




Os primeiros cristãos mudaram as leis do Estado com seus costumes
Vivemos no mundo da globalização, onde tudo se vê pelo prisma da economia, do possuir e do conseguir. E quanto mais se tem, mais insatisfeito se está quando não se consegue mais. Basta ver a publicidade do comércio nos meios de comunicação. Lança-se um produto e o que parecia uma conquista, já não será mais, porque logo depois começam outros lançamentos que são apontados como também necessários e atuais.
E a família se encontra nesse mundo globalizado. Perdem-se valores humanos e cristãos dentro da própria família. Como consequência, temos a deterioração de muitas famílias, porque são tentadas pelo egoísmo, pelo ter, pelo poder. Qualquer ofensa recebida é tomada gravemente. Já não existem o perdão e a caridade e muitos casamentos acabam na separação e no divórcio.
A solução é a santidade da família. E a santidade não é algo que está fora do alcance das pessoas. Ela consiste na verdade, no perdão, na misericórdia, na justiça, na fraternidade, na solidariedade. Foi o que Jesus disse: “Sede santos como meu Pai Celestial é santo”.
A família, por ser de natureza divina, cresce e se aperfeiçoa quanto mais se cultivam o diálogo e não o monólogo, assim como o entendimento, a caridade e a paz.
A família estável tem sido questionada de modo particular nos dias de hoje. Falam alguns até de estar ultrapassada por formas de convivência temporária. A forma do divórcio é reconhecida em quase todos os países. A infidelidade conjugal é tolerada muitas vezes e até incentivada.
Na conferência inaugural do Congresso Teológico Pastoral, o Pe. Cantalamessa indicou que não se deve apenas «defender» a idéia cristã de matrimônio e família, mas o mais importante é «a tarefa de redescobri-lo e vivê-lo em plenitude por parte dos cristãos, de maneira que se volte a propô-lo ao mundo com os fatos, mais que com as palavras».
Duas pessoas que se amam – e o caso do homem e da mulher no matrimônio é o mais forte – reproduzem algo do que ocorre na Trindade. Nessa luz se descobre o sentido profundo da mensagem dos profetas acerca do matrimônio humano, o qual é símbolo e reflexo de outro amor: o de Deus por Seu povo.
A igual dignidade da mulher e do homem no matrimônio está no próprio coração do projeto originário de Deus e do pensamento de Cristo, mas isso quase sempre foi descumprido.
Deve-se evitar dirigir tudo para leis do Estado a fim de defender os valores cristãos. Não podemos esperar hoje mudar os costumes com essas leis. Os primeiros cristãos mudaram-nas [as leis do Estado] com seus costumes de verdadeiros filhos de Deus.

Cardeal Geraldo Majella Agnelo

ESTADOS DE VIDA, O MATRIMÔNIO




“Cristo quis nascer e crescer no seio da Sagrada família de José e Maria. A Igreja não é outra coisa senão a família de Deus. Desde suas origens, o núcleo da Igreja era em geral constituído por aqueles que ”com toda a casa” se tornavam cristãos. Quando eles se convertiam, desejavam também que “toda a sua casa” fosse salva. Essas famílias que se tornavam cristãs eram redutos de vida cristã num mundo incrédulo”.
…cada homem tenha sua mulher e cada mulher seu marido. Que o marido cumpra seu dever em relação a mulher e igualmente a mulher em relação ao marido. A mulher não dispõe de seu corpo, mas sim o marido. Igualmente o marido não dispõe de seu corpo, mas sim a mulher. Não se recusem um ao outro… (1Cor 7, 2-5)
• A família é Igreja enquanto comunidade de batizados (Efésios 5,32)
• Compêndio 340 - A aliança nupcial de Deus com Israel prepara e prefigura a Aliança nova realizada pelo Filho de Deus com a sua esposa, a Igreja.
• O casal cristão é chamado a ser estrutura sustentadora de uma família capaz de encontrar relações novas
• Atos 11,13-14 – O Espírito Santos batizará toda a sua casa
• Atos 16,16-34 – Extensão da salvação pra família
O Concílio Vaticano II chama a família de Igreja Doméstica porque é no seio da família que os pais são “para os filhos, pela palavra e pelo exemplo os primeiros mestres da fé”.
• O lar é assim a primeira escola de vida cristã e, “uma escola de enriquecimento humano” (GS 52)
• Analogia com as desordens (escolares; sociais; comunitárias e na igreja)
• É preciso ser uma benção e romper com toda maldição
• Deus coloca a nossa frente às duas opções benção e maldição (Dt.11,26)
• O louvor do diabo em nossa casa e por todas as nossas gerações (Tiago 3,10).
• A Salvação de Jesus rompe os laços que nos prendiam as maldições e abrem as comportas do céu, derramando assim chuva de bênçãos sobre nós.
CIC 1669: todo batizado é chamado a ser uma benção e a abençoar.
• A benção é o encontro de Deus com o homem.
• As famílias precisam novamente se encontrar com Deus.
Podemos encontrar dois exemplos claros disto no Livro dos atos dos Apóstolos: o primeiro acontece quando Pedro foi acusado por entrar na casa de incircuncisos e comer com eles, e respondeu á acusação narrando que havia sido enviado por Deus para entrar na casa de um homem pagão, anunciar a boa nova e batizar no Espírito Santo não somente a ele, mas a toda a sua casa.(Cf. At 11,1-18).
O outro exemplo narra a libertação milagrosa de Paulo e Silas da prisão, que acabou na conversão do carcereiro, a quem eles prometeram: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua casa”. O carcereiro recebeu o batismo no Espírito e os levou para sua casa, onde lhes ofereceu uma refeição e se alegrou com eles. (Cf. At 16,16-34).
Sacramento do matrimônio
Segundo o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, os sacramentos são “sinais sensíveis e eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, mediante os quais nos é concedida a vida divina” (n. 224). Em que sentido são da Igreja? São “num duplo sentido: enquanto acção da Igreja, que é sacramento da acção de Cristo, e enquanto existem «para ela», ou seja, enquanto edificam a Igreja.” (n. 226). E qual a relação com a fé? “Os sacramentos não apenas supõem a fé como também, através das palavras e elementos rituais, a alimentam, fortificam e exprimem. Ao celebrá-los, a Igreja confessa a fé apostólica. Daí o adágio antigo: «lex orandi, lex credendi», isto é, a Igreja crê no que reza” (n. 228).
Fonte: Cancaonova.com