domingo, 22 de novembro de 2009

NATAL EM FAMÍLIA




Acolher a Verdade ou a mentira?
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida.” (João 14,6).
Com esta palavra, Jesus estava indicando e afirmando ser ele mesmo o próprio caminho que conduz à verdade plena e absoluta e à vida. Em outro trecho do Evangelho de João, Jesus dá a conhecer o lado contrário da verdade durante uma discussão com os escribas e fariseus:
“Vós tendes como pai o demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele era homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.” (João 8,44).
Perceba que Jesus desmascara o demônio, que se esconde atrás da mentira. Precisamos renunciar a mentira em nossa vida e acolher a verdade. Renunciar ao demônio e suas propostas e acolher o plano salvador de nosso Deus. De quantas mentiras a sociedade se alimenta nesse tempo de preparação para o Natal?!
Constato há anos uma grande e esmagadora maioria de pessoas às vésperas de Natal, preocupadas com um milhão de coisas: comida; bebida (e muita!); preocupação com a decoração da casa, da mesa, do comércio, das ruas; preocupação com o que dar de presente para parentes, amigos (conhecidos e secretos) e até presente para inimigos!!! Concorrência para ver que faz a maior árvore de Natal; quem dá o melhor presente; a cidade mais iluminada, etc. Gente que, talvez durante todo o ano se negou a ajudar alguns pobres infelizes que lhes pedia uma moeda para matar a fome ou, gente que se negou a colaborar muitas vezes com nossas paróquias e comunidades com a desculpa do “não tenho condições” ou “lá vem ele falar de dinheiro de novo” mas, agora ao final do ano tem o suficiente, inclusive, para esbanjar com tantas futilidades. Diga-me se não são mentiras alimentadas e engordadas nesse período?!
É muito interessante ver que, no Natal – Nascimento de Jesus – acontece algo muito esquisito, contraditório e triste: esse é o único aniversário em que o próprio aniversariante não ganha presentes! Há tanta troca de presentes entre as pessoas que o aniversariante fica esquecido, Ou,… desconhecido ou ainda, não reconhecido?!
“Nele (o Verbo) havia vida e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas e as trevas não a compreenderam. O Verbo era a verdadeira Luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. Estava no mundo e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam.” (Jo 1,4-5.9-11).
“…Luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem”. Quanta treva; quanta escuridão. A humanidade escolhe viver no escuro a se abrir ao Menino Luz que nasceu no Natal. “…mas os seus não o receberam”. As portas de nossas casas e famílias estão escancaradamente abertas a uma figura bizarra e mentirosa e que é chamado de “Papai Noel”. Você pode pensar: mas e São Nicolau? São Nicolau é um santo católico que tem sua bela história de exemplo de caridade para com os pobres e necessitados e de amor a Deus. Já Papai Noel?!… Não dá mais para ficar colocando goela abaixo de nossas crianças a história do “bom velhinho” que, incentivado pelo comércio ateu, rouba a cena do Natal em detrimento dAquele que é o próprio Natal! No coração de um verdadeiro cristão não pode haver espaço para a mentira. Ou ficamos com a Verdade ou com a mentira! Ou se acolhe Jesus – Verdade ou, se deixa alojar no coração o demônio com uma de suas filhas prediletas: a mentira!
Infelizmente as portas e os corações estão abertos para “alguém” que não existe e completamente fechados para Jesus. Os pais ensinam as crianças a acreditar em Papai Noel e tem vergonha de falar de Jesus para elas! As criancinhas inocentes, coitadas, acreditam na existência do Papai Noel a ponto de se preocuparem o ano todo com o que vão ganhar dele; são incentivadas a lhe escrever cartinhas com seus pedidos, mas, não são incentivadas à oração que é a verdadeira carta que pode colocá-las em contato com Aquele que pode atendê-las e são impedidas de celebrar o único e verdadeiro sentido do Natal: J E S U S ! Aquele que já nos deu o maior de todos os presentes: a Salvação! Que situação paradoxal! Não se ensina a verdade por vergonha e perde-se completamente a vergonha para ensinar a mentira! “A luz resplandece nas trevas e as trevas não a compreenderam”.
Como é ridículo ver em muitas residências, o boneco de papai Noel numa escada pendurada nas paredes, mais parecendo um ladrão que sorrateiramente vai chegando. Jesus ao contrário, não precisa entrar escondido pela janela, chaminé ou qualquer coisa parecida. Ele entra pela porta da frente! Ele é o pastor de verdade. (cf. João 10).
Você que é pai, você que é mãe pode fazer acontecer o verdadeiro Natal em sua família. Se ainda não o fez, faça a experiência nesse Natal e você verá quantas tolices ocupavam o lugar de Jesus que é o nosso verdadeiro tesouro. Acolha a Verdade e dê um “chega prá lá” na mentira! “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e resgatou o seu povo, e suscitou-nos um poderoso Salvador…” (Lucas 1, 68-69).
Olhar para a Sagrada Família de Nazaré, Jesus, Maria e José, principais protagonistas do Natal, é voltar-se para a fonte da Luz que tanto nossas famílias necessitam. É espelhar-se na família que o próprio Deus escolheu para si. Espelhar-se nela é refletir sua luz para toda esta sociedade consumista e paganizada. É refletir sua beleza, seu amor, carinho, amizade, perdão, verdadeiros sentimentos de fraternidade e paz; sobretudo, a partir da própria célula familiar tão carente destes valores verdadeiramente positivos. Recordemos João Paulo II:
“… é na Sagrada Família, nesta originária Igreja doméstica, que todas as famílias devem espelhar-se… ela constitui, portanto, o protótipo e o exemplo de todas as famílias cristãs.” (Redemptoris Custos, 7 – João Paulo II).
Para isso acontecer é necessário esperar/preparar de maneira adequada a Solenidade do Natal do Senhor. Viver plenamente um tempo. Esperança viva d’Aquele que há de vir. Esse tempo é o Advento. Tempo propício em que a Igreja, como mãe, nos ajuda a colocar o coração em compasso de espera numa atitude expectante daquele e daquela que aguarda o nascimento de uma Vida Nova. Desejar e receber um “Feliz Natal” deveria e deve significar um compromisso de vida de alguém que, desejou e se preparou para fazer do seu coração uma manjedoura e, ali, acolher Jesus o Salvador com toda a sua mensagem, a sua Boa Nova e o novo estilo de vida que Ele mesmo veio inaugurar. Ou seja, comemorar o Natal vai além de uma festividade ou reunião fraterna em família, é um comprometer-se com a vida cristã, com um testemunho de vida coerente com a fé que se proclama.
Que este Natal seja também festa da família e da vida. Jesus veio através de uma família para salvar a família: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo tu e tua família” (Atos 31,16). Recentemente Bento XVI disse no V Encontro Mundial das Famílias – Valência-Espanha (2006): “A família é um bem necessário para os povos, um fundamento indispensável para a sociedade e um grande tesouro dos esposos durante toda a sua vida. É um bem insubstituível para os filhos, que hão de ser fruto do amor, da doação total e generosa dos pais. Proclamar a verdade integral da família, fundada no matrimônio, como Igreja doméstica e santuário da vida é uma grande responsabilidade de todos.”
É com esta responsabilidade que desejo a todos os que quiserem acolher o dono da festa, um FELIZ E SANTO NATAL!
Italo J. Passanezi Fasanella

A FAMÍLIA PERFEITA



A restauração da minha família depende da minha participação ativa A família perfeita é aquela que não desiste de caminhar, de construir e restaurar o seu lar. A família é igual a uma casa em reformas, é o maior transtorno, às vezes, poeira, entulho, tudo que uma construção pode trazer. Penso que você consiga imaginar. Mas esse retrato de uma casa em construção demonstra que ninguém está parado em si ou acha que já esteja pronto; apesar dos incômodos está em construção, em reforma, em restauração. E ninguém restaura um bem se ele não for muito precioso, e isso é um sinal muito positivo. Quem já não leu este aviso em construções públicas: “Desculpe o transtorno. Estamos em construção para atendê-lo melhor”. A primeira coisa que precisamos notar é que em casa ninguém é igual, e estamos em níveis de maturidade diferentes. Os pais têm mais experiência, mas entre eles há diferenças. Os filhos estão crescendo, sendo construídos em todos os sentidos: no físico, no psicológico e no espiritual. Aqui entra em ação o material para construir cada um, que se chama respeito e paciência com o processo do outro. Por isso, a família precisa ser o ambiente propício para as mudanças, para o crescimento e até para as crises. Ninguém deve ter vergonha de ser o que é e de estar como está em casa. Em minha opinião, existem alguns pontos primordiais para construir e restaurar a família: 1º Restaurar o relacionamento com Deus: a base do sacramento do matrimonio é o amor, sem fazer a experiência de Deus é impossível amar de verdade. O amor real, muitas vezes, passa pela experiência da morte, do aniquilamento, do esquecer-se de si mesmo; e tudo isso, sem Deus, é impossível superar. Mas é preciso respeitar a experiência religiosa de cada um, saber que ela também é individual, mas que dá para fazer um caminho para Deus, JUNTOS! 2º Fazer da minha casa um ninho de amor: na minha casa eu decido amar primeiro, o processo começa em mim, por essa razão, eu não posso cobrar aquilo que ainda não consigo dar. Procurar defeitos nos outros, culpados, não resolver as situações de tensão ou dificuldades vividas em casa, faz dela um inferno e não um pedaço do céu. Eu preciso sentir o desejo de voltar para casa, ela precisa ser o meu refúgio, meu oásis no meio do deserto. Minha casa e minha família precisam me atrair, significam porto seguro, lugar onde não importa a minha condição: EU SEI QUE SOU AMADO. 3º Partilha e diálogo: isso quer dizer onde todos crescem no conhecimento de si e dos outros. A falta de diálogo e partilha deixa crescer dentro dos membros da família os venenos que podem destrui-la, gerando os ressentimentos e as mágoas, a falta de perdão e o medo de se revelar. Dentro de casa precisa se promover um clima de confiança e aceitação do outro, eu preciso me sentir acolhido para partilhar a minha verdade. Outro dia ouvi a experiência de um movimento que se chama Equipes de Nossa Senhora, o qual trabalha com casais. Eles têm uma prática que se chama “direito de sentar-se”. Sentar-se à cadeira, sentar-se à mesa, para falar e ouvir tudo que o outro precisa dizer. ISSO É CARIDADE. Nós não podemos esquecer que cada um tem a sua parte essencial e importante na construção da família; os pais têm seu papel de pilar de sustentação e construção da casa, mas os filhos dão sentido, vigor e alegria aos genitores. E assim vamos construindo famílias restauradas. Oração Pai santo, Pai amado, a restauração da minha família depende da minha participação ativa e consciente. Do meu amor e compreensão, respeito e paciência com o processo dos meus pais e irmãos, por isso, que eu não sonegue amor e verdade, perdão e misericórdia para com os meus, que esse processo comece em mim primeiro. Eu decido amar primeiro em minha família e colaborar com a restauração do santuário da vida, que é minha casa. Amém.
Minha bênção fraterna.
Flávio Roberto
Aspirante
Missão Santos - SP

Padre Luizinho - Comunidade Canção Nova http://blog.cancaonova.com/padreluizinhoformacoes-a-familia-perfeita

A EDUCAÇÃO DOS FILHOS




O fator mais importante na educação é conquistar os filhos
Há alguns anos a polícia de Houston, no Texas, Estados Unidos, publicou o que chamou de “Dez Regras Fáceis de Como Criar um Delinquente”. É interessante refletir sobre elas, especialmente os pais e os educadores. Para isso, vamos transcrevê-las:
1. Comece na infância a dar ao seu filho tudo o que ele quiser. Assim, quando crescer, ele acreditará que o mundo tem obrigação de lhe dar tudo o que ele deseja.
2. Quando ele disser nomes feios, ache graça. Isso o fará considerar-se interessante.
3. Nunca lhe dê qualquer orientação religiosa. Espere até que ele chegue aos 21 anos, e “decida por si mesmo”.
4. Apanhe tudo o que ele deixar jogado: livros, sapatos, roupas. Faça tudo para ele, para que aprenda a jogar sobre os outros toda a responsabilidade.
5. Discuta com frequência na presença dele. Assim não ficará muito chocado quando o lar se desfizer mais tarde.
6. Dê-lhe todo o dinheiro que ele quiser.
7. Satisfaça todos os seus desejos de comida, bebida e conforto. Negar pode acarretar frustrações prejudiciais.
8. Tome partido dele contra vizinhos, professores, policiais (Todos têm má vontade para com o seu filho).
9. Quando ele se meter em alguma encrenca séria, dê esta desculpa: Nunca consegui dominá-lo.
10. Prepare-se para uma vida de desgosto.
Sem dúvida, esta é uma lista, fruto da experiência de quem trata com jovens “problemáticos” e que não pode ser desprezada. Fica cada vez mais claro que o aumento da delinquência juvenil é diretamente proporcional à destruição dos lares e das famílias. É muito fácil verificar que, na grande maioria dos casos, o “jovem problema” tem atrás de si “pais problemas”.
A vida familiar é o “arquétipo” que Deus instituiu para o homem viver e ser feliz na face da terra.
Quanto mais, portanto, as santas leis de Deus, em relação à família, forem desrespeitadas e pisadas pelos homens, tanto mais famílias destroçadas teremos, e tanto mais lágrimas rolarão dos olhos dos pais e dos filhos. Ninguém será feliz sem obedecer às leis de Deus. Antes de serem leis divinas elas são leis naturais. E a natureza não sabe perdoar quem se põe contra ela.
No capítulo 30 do Eclesiástico, a Palavra de Deus fala aos pais sobre a sua enorme responsabilidade na educação dos filhos. Ele diz: “Aquele que ama o seu filho corrige-o com frequência, para que se alegre com isso mais tarde” ( 30,1).
Infelizmente são muitos os pais que não corrigem os seus filhos: ou porque são relapsos como pais ou porque também precisam de correção, já que também não foram educados.
Mais à frente esse mesmo livro diz: “Aquele que estraga seus filhos com mimos terá que lhes curar as feridas” (30,7). Essa palavra é pesada: “estraga com mimos”. A criança mimada torna-se problema; pensa que o mundo é dela e que todos devem servi-la. Não há coisa pior para um filho. Isso ocorre muito com o filho único, objeto de “todas” as atenções e cuidados dos pais, avós e tios. Aí é preciso uma atenção especial!
“Um cavalo indômito torna-se intratável, a criança entregue a si mesma torna-se temerária” (idem 30,8).
Não pode haver mal maior do que deixar uma criança abandonada, materialmente, mas principalmente na sua educação.
“Adula o teu filho e ele te causará medo”, diz o Eclesiástico (30,9).
“Não lhes dê toda a liberdade na juventude, não feches os olhos sobre as suas extravagâncias” (idem, 30,11).
Muitos pais, vendo os filhos errarem, não os corrigem. Temos que ensiná-los a usar a liberdade com responsabilidade. E não lhes dar “toda” liberdade.
Vi certa vez uma frase, em um adesivo de automóvel, que dizia: “Adote o seu filho, antes que o traficante o faça”. De fato, se não conquistarmos os nossos filhos com amor, carinho e correção sadia, eles poderão ir buscar isso nos braços de alguém que não convém. É preciso que cada lar seja acolhedor para o jovem, para que ele não seja levado a buscar consolo na rua, na droga, na violência… fora de casa.
O fator mais importante na educação é que os pais saibam conquistar os filhos; não com dinheiro, roupa da moda, tênis de marca, etc, mas com aquilo que eles são; isto é, a sua conduta, a sua moral íntegra, a sua vida honrada e responsável. O filho precisa ter “orgulho” do pai, ter “admiração” pela mãe, ter prazer de estar com eles, ser amigo deles. Assim ele ouvirá os seus conselhos e as suas correções com facilidade.
Sobretudo é primordial o respeito para com o filho; levá-lo a sério, respeitar os seus amigos, as suas iniciativas boas, etc. Se você quer ser amigo do seu filho, então deve tornar-se amigo dos seus amigos e nunca rejeitá-los. Acolha-os em sua casa.
Diante dos filhos os pais não devem ser super-heróis que nunca erram. Ao contrário, os filhos devem saber que os seus pais também erram e que também têm o direito de ser perdoados. E, para isso, os genitores precisam aprender a pedir perdão para os filhos quando erram. Não há fraqueza nisso, e muito menos isso enfraquecerá a autoridade deles de pais. Ao contrário, diante da humildade e da sinceridade dos pais, a admiração do filho por eles crescerá. Tudo isso faz o pai “conquistar” o filho.
O educador francês André Bergè diz que os defeitos dos pais são os pais dos defeitos dos filhos. Parafraseando-o podemos afirmar também que as virtudes dos pais são os pais das virtudes dos filhos. Não é sem razão que o povo afirma que filho de peixe é peixinho. Isso faz crescer a nossa responsabilidade.
É importante que os pais saibam corrigir os filhos adequadamente, com firmeza é certo, mas sem os humilhar. Não se pode bater no filho, não se pode repreendê-lo com nervosismo nem o ofender na frente dos amigos e irmãos. Isso tudo humilha o filho e o faz odiar os pais. Conquiste o filho, não com dinheiro, mas com amor, vida honrada e presença na sua vida. E, sobretudo, leve-o para Deus, com você! São Paulo diz aos pais cristãos:
“Pais, não deis a vossos filhos motivo de revolta contra vós, mas criai-os na disciplina e correção do Senhor” (Efésios 6,4).
Flávio Roberto

POR QUE PRECISAMOS DE CURA INTERIOR?





Realizar constantemente a reconciliação com nós mesmos, com os outros e com Deus
“Aceitar livremente obedecer e ser dócil é caminho para a maturidade: tornar-se adulto psicologicamente e, sobretudo, adulto em Cristo” (monsenhor Jonas Abib).
A cura interior não só é importante como também é necessária: precisamos ser curados, Deus quer nos curar plenamente; por meio dela somos restaurados na nossa personalidade. Ela é a chave para a cura plena da pessoa. Cada dia é um dia de surpresas que o Senhor nos reserva; podemos confiar e nos abrir, sem medo, à ação do Espírito Santo.
Como saber se eu preciso de cura interior? Onde eu preciso de cura interior? São questionamentos fundamentais que nós – à luz do Espírito Santo – precisamos nos fazer, buscando o discernimento e o diagnóstico. Se um médico é cuidadoso em fazer um diagnóstico ao seu paciente, quanto mais nós precisamos ter cuidado com o diagnóstico das emoções nossas e das pessoas. É preciso se abrir ao Espírito Santo, agir, em Nome de Jesus, para o bem, porque o Senhor trabalha para o bem, para todos aqueles que O amam. Seguir o exemplo de Cristo, que passou pela terra fazendo o bem, libertando as pessoas do poder de satanás: é preciso concluir esse trabalho, é preciso ter fé e compaixão.
As etapas para viver bem esse processo:
“É fundamental colocar em ordem nossa vida passada, toda ordem tem sua estrutura na cruz de Jesus”. A cruz é e será sempre a chave de leitura da nossa história de salvação. É necessário realizar a paz dentro de nosso interior. Em nossa história realizar constantemente a reconciliação com nós mesmos, com os outros e com Deus. Visitar o passado requer uma mudança, não olhamos para trás e aceitamos. Para o homem espiritual todas as situações de sua vida lhe fazem perguntas: “Quem está comigo?” “O que Deus quis me falar?” “O que aprendi?”. Como é possível reler nossa história de salvação e transformá-la num bem? Em Cristo o Pai já realizou toda essa transformação. É necessário, pois:
1) Aceitação: Capacidade de recordar os fatos, pessoas. Jesus entra no profundo de cada um e o descobre, com amor. Ex.: Samaritana. Nenhum fato de minha história é um absurdo.
2) Reconciliação: Com a própria história, para eliminar toda negatividade. Acolher as realidades como presença misteriosa de Deus. “Quantas vezes devo perdoar?” nem tanto a quantidade do perdão, mas a qualidade deste ato. Só se pode perdoar olhando para a cruz, para o Crucificado. Recordar, sob a memória credente de Jesus, me faz recordar sem dor, mas sob a luz do Espírito: “Fazei isto em memória de mim”. Todo meu passado posso recordar sob a cruz, ela faz ativar a memória.
3) Transformação: Quando a pessoa intui a positividade das coisas, ainda que negativas. Nossa história deve ser escrita e revista como um memorial, nunca como um diário, mas celebrando: “Deus estava presente, neste, naquele momento…”. Fé histórica: encontro o Senhor em cada momento, em cada fase. No Juízo Final o Altíssimo nos perguntará: “O que você fez com a minha presença na sua história?” Encontrar o rosto do Senhor, Ele que se manifestou das mais diferentes maneiras.

Vera Lúcia Reis
artigos@cancaonova.com

A FORMAÇÃO DOS VALORES HUMANOS




Os primeiros cristãos mudaram as leis do Estado com seus costumes
Vivemos no mundo da globalização, onde tudo se vê pelo prisma da economia, do possuir e do conseguir. E quanto mais se tem, mais insatisfeito se está quando não se consegue mais. Basta ver a publicidade do comércio nos meios de comunicação. Lança-se um produto e o que parecia uma conquista, já não será mais, porque logo depois começam outros lançamentos que são apontados como também necessários e atuais.
E a família se encontra nesse mundo globalizado. Perdem-se valores humanos e cristãos dentro da própria família. Como consequência, temos a deterioração de muitas famílias, porque são tentadas pelo egoísmo, pelo ter, pelo poder. Qualquer ofensa recebida é tomada gravemente. Já não existem o perdão e a caridade e muitos casamentos acabam na separação e no divórcio.
A solução é a santidade da família. E a santidade não é algo que está fora do alcance das pessoas. Ela consiste na verdade, no perdão, na misericórdia, na justiça, na fraternidade, na solidariedade. Foi o que Jesus disse: “Sede santos como meu Pai Celestial é santo”.
A família, por ser de natureza divina, cresce e se aperfeiçoa quanto mais se cultivam o diálogo e não o monólogo, assim como o entendimento, a caridade e a paz.
A família estável tem sido questionada de modo particular nos dias de hoje. Falam alguns até de estar ultrapassada por formas de convivência temporária. A forma do divórcio é reconhecida em quase todos os países. A infidelidade conjugal é tolerada muitas vezes e até incentivada.
Na conferência inaugural do Congresso Teológico Pastoral, o Pe. Cantalamessa indicou que não se deve apenas «defender» a idéia cristã de matrimônio e família, mas o mais importante é «a tarefa de redescobri-lo e vivê-lo em plenitude por parte dos cristãos, de maneira que se volte a propô-lo ao mundo com os fatos, mais que com as palavras».
Duas pessoas que se amam – e o caso do homem e da mulher no matrimônio é o mais forte – reproduzem algo do que ocorre na Trindade. Nessa luz se descobre o sentido profundo da mensagem dos profetas acerca do matrimônio humano, o qual é símbolo e reflexo de outro amor: o de Deus por Seu povo.
A igual dignidade da mulher e do homem no matrimônio está no próprio coração do projeto originário de Deus e do pensamento de Cristo, mas isso quase sempre foi descumprido.
Deve-se evitar dirigir tudo para leis do Estado a fim de defender os valores cristãos. Não podemos esperar hoje mudar os costumes com essas leis. Os primeiros cristãos mudaram-nas [as leis do Estado] com seus costumes de verdadeiros filhos de Deus.

Cardeal Geraldo Majella Agnelo

ESTADOS DE VIDA, O MATRIMÔNIO




“Cristo quis nascer e crescer no seio da Sagrada família de José e Maria. A Igreja não é outra coisa senão a família de Deus. Desde suas origens, o núcleo da Igreja era em geral constituído por aqueles que ”com toda a casa” se tornavam cristãos. Quando eles se convertiam, desejavam também que “toda a sua casa” fosse salva. Essas famílias que se tornavam cristãs eram redutos de vida cristã num mundo incrédulo”.
…cada homem tenha sua mulher e cada mulher seu marido. Que o marido cumpra seu dever em relação a mulher e igualmente a mulher em relação ao marido. A mulher não dispõe de seu corpo, mas sim o marido. Igualmente o marido não dispõe de seu corpo, mas sim a mulher. Não se recusem um ao outro… (1Cor 7, 2-5)
• A família é Igreja enquanto comunidade de batizados (Efésios 5,32)
• Compêndio 340 - A aliança nupcial de Deus com Israel prepara e prefigura a Aliança nova realizada pelo Filho de Deus com a sua esposa, a Igreja.
• O casal cristão é chamado a ser estrutura sustentadora de uma família capaz de encontrar relações novas
• Atos 11,13-14 – O Espírito Santos batizará toda a sua casa
• Atos 16,16-34 – Extensão da salvação pra família
O Concílio Vaticano II chama a família de Igreja Doméstica porque é no seio da família que os pais são “para os filhos, pela palavra e pelo exemplo os primeiros mestres da fé”.
• O lar é assim a primeira escola de vida cristã e, “uma escola de enriquecimento humano” (GS 52)
• Analogia com as desordens (escolares; sociais; comunitárias e na igreja)
• É preciso ser uma benção e romper com toda maldição
• Deus coloca a nossa frente às duas opções benção e maldição (Dt.11,26)
• O louvor do diabo em nossa casa e por todas as nossas gerações (Tiago 3,10).
• A Salvação de Jesus rompe os laços que nos prendiam as maldições e abrem as comportas do céu, derramando assim chuva de bênçãos sobre nós.
CIC 1669: todo batizado é chamado a ser uma benção e a abençoar.
• A benção é o encontro de Deus com o homem.
• As famílias precisam novamente se encontrar com Deus.
Podemos encontrar dois exemplos claros disto no Livro dos atos dos Apóstolos: o primeiro acontece quando Pedro foi acusado por entrar na casa de incircuncisos e comer com eles, e respondeu á acusação narrando que havia sido enviado por Deus para entrar na casa de um homem pagão, anunciar a boa nova e batizar no Espírito Santo não somente a ele, mas a toda a sua casa.(Cf. At 11,1-18).
O outro exemplo narra a libertação milagrosa de Paulo e Silas da prisão, que acabou na conversão do carcereiro, a quem eles prometeram: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua casa”. O carcereiro recebeu o batismo no Espírito e os levou para sua casa, onde lhes ofereceu uma refeição e se alegrou com eles. (Cf. At 16,16-34).
Sacramento do matrimônio
Segundo o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, os sacramentos são “sinais sensíveis e eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, mediante os quais nos é concedida a vida divina” (n. 224). Em que sentido são da Igreja? São “num duplo sentido: enquanto acção da Igreja, que é sacramento da acção de Cristo, e enquanto existem «para ela», ou seja, enquanto edificam a Igreja.” (n. 226). E qual a relação com a fé? “Os sacramentos não apenas supõem a fé como também, através das palavras e elementos rituais, a alimentam, fortificam e exprimem. Ao celebrá-los, a Igreja confessa a fé apostólica. Daí o adágio antigo: «lex orandi, lex credendi», isto é, a Igreja crê no que reza” (n. 228).
Fonte: Cancaonova.com

FAÇAMOS O HOMEM À NOSSA IMAGEM E SEMELHANÇA




Desde as suas primeiras páginas, a Bíblia proclama a dignidade do ser humano ao colocar na boca de Deus estas palavras: «Façamos o homem à nossa imagem e semelhança» (Gn 1,26). Uma grandeza que comove a quantos se deixam guiar pelo coração: «Vendo a lua e as estrelas brilhantes, perguntamos: Senhor, que é o homem para dele assim vos lembrardes e o tratardes com tanto carinho? Pouco abaixo de Deus o fizestes, coroando-o de glória e esplendor; vós lhe destes poder sobre tudo, vossas obras aos pés lhe pusestes!» (Sl 8,4-7).
Na prática, porém, como conseqüência do pecado que entrou sorrateiramente na história humana, deve-se reconhecer que, até a encarnação de Jesus, a tentação da humanidade – e até mesmo de inúmeras páginas bíblicas – foi a de construir um deus “à imagem e semelhança do homem”, dominado por sentimentos, paixões e atitudes mesquinhas, sempre pronto a se vingar das injúrias sofridas e a se alegrar com as desgraças de seus inimigos.
Alguns profetas tentaram purificar essa imagem de Deus: «Sião disse: “O Senhor me abandonou, ele se esqueceu de mim”. Pode uma mãe se esquecer de seu bebê, deixar de amar o filho de suas entranhas? Mas, ainda que ela se esqueça, eu não me esquecerei de ti. Veja: eu te levo tatuado na palma de minha mão» (Is 49,14-16).
Mas quem verdadeiramente revelou à humanidade a face de Deus foi Jesus. Eis como ela é apresentada por um dos apóstolos que melhor compreendeu a mensagem do Evangelho: «Meus caros, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus. Todo aquele que ama, nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não ama, não conhece a Deus, porque Deus é amor. Foi assim que o amor de Deus se tornou visível entre nós: Deus enviou o seu Filho único ao mundo para que tenhamos vida por meio dele. Nisso consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou» (1Jo 4,7-10). Nestas breves palavras, São João sintetiza e manifesta o que de mais importante tinha no coração: a identidade e o projeto de Deus e a essência da que considera verdadeira religião.
Em uma de suas homilias, Santo Agostinho explicou ao povo o sentido dessas palavras que, em sua opinião, deveriam revolucionar a vida de quem as entende: «Não há ninguém que não ame. A questão é saber o que se deve amar. Não nos é pedido que não amemos, mas que escolhamos o que devemos amar. Mas, é possível escolher se, antes, não fomos escolhidos? É possível amar se, antes, não fomos amados? Escutai o apóstolo João: “Nós amamos porque ele nos amou primeiro”.
Se procuras saber como se pode amar a Deus, não encontrarás outra resposta senão esta: Deus nos amou primeiro. Aquele que nós amamos, entregou-se a si mesmo e nos deu a capacidade de amar. É o que diz claramente o apóstolo Paulo: “O amor de Deus foi derramado em nossos corações”. Por quem? Por nós, talvez? Não! Então, por quem? “Pelo Espírito Santo, que nos foi dado” (Rm 5,5).
Por isso, “cantai ao Senhor um canto novo” (Sl 150,1). Cantai com a voz, cantai com o coração, cantai com os lábios, cantai com a vida! Sede vós mesmos o canto que cantais! Vós sereis o seu maior louvor se viverdes santamente». Italo J. P. Fasanella

CASAL CONSAGRADO E EDUCAÇÃO DOS FILHOS





Casal consagrado e educação dos filhos
A família de Nazaré está conosco, pois dentro desse encontro falaremos sobre a família dentro das comunidades do casal consagrado e a educação dos filhos dentro da comunidade.
O casal é um novo dentro das comunidades, um novo que precisa ser acolhido, compreendido, entendido. Estamos preocupados, pois a comunidade não está sabendo tratar com este desafio, na sua entrega a Deus e acolhermos ao Espírito e nos entregarmos a Ele.
Ao falarmos de comunidade não podemos deixar de falar e voltar ao principio criativo, não podemos cair no que o mundo vem pregando, que os modelos de família estão passados e que precisam de outros modelos de família, mas esse modelo Jesus já apresentou, a solução não está em criar novos modelos, mas voltar ao modelo que Deus criou.
Nós que somos casados e pertencemos a uma comunidade seja vida ou aliança, pois não há diferença, devemos buscar um modelo que comporta escolhas e referências, se eu lhes perguntar: vocês querem ser como Adão e Eva ou José e Maria? Vocês dizem como José e Maria, mas porque vocês se comportam como Adão e Eva?
Uma família consagrada, aquela que se dedica a Deus, o casal independente de pertencer a comunidade, ele tem a obrigação da santidade. Se nós que somos novas comunidade não soubemos valorizar o valor que o matrimônio tem, quem é que vai valorizar? Se não valorizarem, então teremos muitos problemas.
O espaço das famílias precisa ser reservado. Os cônjuges que são consagrados, que já assumimos uma consagração, na comunidade que somos casados ela [consagração] se reveste, com tudo aquilo que eu assumi no meu batismo e matrimônio, eu coloco isso diante do carisma da comunidade. Uma consagração não se sobrepõe a outra, elas se complementam.
E nesse sentido é maravilhoso, acolher as famílias. Deus está chamando as famílias para se consagrarem, que bom para as comunidade receberem as famílias, e que bom para as famílias pertencerem as comunidades. É uma riqueza para as famílias pertencer as comunidades. É bonito ver os diversos estados de vida convivendo, algo talvez já mais pensado na Igreja , a riqueza da sadia convivência, entre homens e mulheres, entre os diferentes estados de vida.
Os filhos são o elemento fundamental para as famílias, as novas comunidades não podem de forma alguma desprezar a figura dos filhos, precisam ter consideração, as comunidades que acolhem os casais novos, precisa saber que elas estão acolhendo também os filhos.
Juntamente com os pais, as comunidades precisam saber respeitar a vocação de cada um, é muito normal que nós pais queiramos que os filhos sigam nossos caminhos de consagração, mas muita vezes esquecemos que a opção por comunidade foi nossa, precisamos desejar a vontade de Deus na vida de nossos filhos, ensiná-los a procurar a vontade d’Ele.
O papel dos pais é orientar e educar, portanto nós vemos acontecer em alguma comunidade, exigindo o mesmo comportamento daquele casal e isso pode trazer uma série de consequências negativas. Eu não posso exigir dos filhos o mesmo comportamento dos pais, os filhos terão que respeitar as regras da comunidade, mas não se pode exigir o mesmo comportamento, que é exigido de um consagrado.
O casal precisa ter o espaço para viver seu espaço. E a Igreja nos alerta isso, muitos bispos não aprovam as comunidades, onde os casais não tem seu espaço, as famílias precisam dar testemunho, de como viver, as vezes as comunidade atropelam tanto, que as famílias não tem tempo para si mesmas.

As comunidades precisam respeitar as regras que estão acima das regras do estatuto, que é a regra do matrimônio.
Precisamos respeitar toda decisão, a opção vocacional dos filhos, pois senão os filhos se revoltam contra os pais, contra as comunidades, contra Deus, o que é pior. Se as pessoas que se revoltam contra nós, não se revoltassem contra Deus, ainda tinha uma esperança, mas não. E com isso, o coração dos filhos se fecham para Deus, para o que Deus tem para ele, mesmo que nossos filhos queiram fazer suas vocações, serão de Deus, pois nasceram num berço que soube respeitar sua identidade, individualidade. Se educamos, a maior garantia que temos é que nossos filhos farão a vontade de Deus. A educação que demos a eles nada e ninguém no mundo irá tirar, mesmo que eles se desviem um pouco, nada nem ninguém irá tirar o que foi plantado neles.
A atitude mais correta na educação, é aquele equilíbrio de amor e firmeza, os pais que são firmes de mais ou amor de mais, não consegue resultados positivos, pois sempre que precisamos ser firmes, faremos com amor.
A pior crise que temos é a da autoridade, não são os filhos que perderam a obediência, são os pais que perderam a autoridade, a falta de equilíbrio entre o autoritarismo, ou a liberdade, então colocaremos os filhos na crise de obediência.
Se a comunidade tira o tempo de família, ela precisa fazer um revisão, pois toda comunidade tem mais trabalho do que mão de obra, e o tempo da família, precisa ser sempre respeitado, mas que respeitado, precisa ser privilegiado. Será que este tempo não está sendo roubado? Nós fundadores temos que tomar cuidados para que não estejamos roubando esse tempo das famílias, não há como separar uma consagração.
Precisamos educar nosso filhos não querendo que eles façam a nossa vontade, mas a vontade de Deus.
Transcrição e adaptação: Regiane Calixto
Fonte: Canção Nova.com | www.cancaonova.com

PARA DESENVOLVER UM BOM RELACIONAMENTO

Identifique qual é o seu perfil dominante para viver bem
O ser humano tem como característica básica a necessidade de companhia, de reconhecimento e de afeto em todas as esferas da vida. Nossa forma de ser, de pensar e de agir influencia diretamente os nossos relacionamentos. No curso de nossas experiências diárias, interagimos com uma grande variedade de pessoas com diferentes estilos de personalidade, as quais exercem impacto sobre a forma como agimos e tomamos decisões.
Segundo Dom Hélder: “Passamos a maior parte de nosso tempo procurando consertar situações conflituosas criadas por inabilidade de relacionamento”. Desenvolver um bom nível de relacionamento com todas as pessoas é responsabilidade de cada um de nós.
Mas como fazer isso? O que é necessário para desenvolvermos um bom nível de relacionamento interpessoal? É difícil nos comunicarmos bem com pessoas que não compreendemos. Frequentemente, interpretamos, de forma incorreta, ações ou palavras de alguém, e, muitas vezes, nos sentimos frustrados ao nos relacionar com aquelas, cujas personalidades são opostas à nossa. Uma vez que compreendemos o estilo de personalidade do outro, encontramos a chave para uma comunicação melhor. Quando compreendemos por que alguém fez ou disse algo, é menos provável que reajamos negativamente. Ter consciência das motivações subjacentes do outro pode permitir que resolvamos os conflitos antes mesmo que estes aconteçam.
Os estilos de personalidade são a linguagem do comportamento observável. Quando paramos para observar, durante alguns momentos ou algumas horas, como as pessoas se comportam em determinadas situações, podemos verificá-los [estilos de personalidade] em ação.
Existem várias definições de perfis comportamentais, de diversos estudiosos. Queremos apresentar aqui uma dessas linhas, com a finalidade de nos ajudar a compreender melhor o outro, de forma a desenvolvermos um bom relacionamento interpessoal. O que trazemos aqui compreende quatro dimensões: Dominância, Influência, Segurança e Controle. Destas quatro, cada indivíduo possui uma dominante, revelando as principais características do seu comportamento.
Uma pessoa com alto índice da dimensão “Dominância” é em geral: sempre atrasada, com pressa; impaciente e impulsiva. Tenta dominar ou tomar conta e é direto. Possui um aperto de mão forte e assertivo. Não se afasta de conflitos, podendo até mesmo gostar deles. Possui determinação para atingir resultados mesmo em situações antagônicas. Desafia a si mesma e aos outros. A chave para ela é o desafio. Com ela é preciso ser direto, franco e objetivo. É preciso deixá-la descobrir as coisas por si mesma. Com ela deve-se discutir fatos e não sentimentos.
Uma pessoa com alto índice da dimensão “Influência” é em geral: Entusiasmada e amigável; positiva e verbal. Gosta de contar histórias e anedotas. É frequentemente desatenta aos detalhes, por isso, pode parecer superficial e impulsiva. Possui um aperto de mão muito amigável. Sorri com os olhos, apresenta muito movimento corporal. Possui estilo aberto e relaxado. Possui capacidade de influenciar os demais a agirem positiva e favoravelmente, é uma pessoa que gera entusiasmo. Irradia otimismo. Com ela é necessário ser antes de qualquer coisa bom amigo e democrático. Com alguém assim é preciso falar sobre ideias e opiniões, criar relacionamentos, reconhecer suas ideias.
Uma pessoa com alto índice da dimensão “Segurança” é em geral: Metódica e organizada. Preocupada com a segurança. Tende a apresentar um ritmo lento e reações mais demoradas. Normalmente é uma boa ouvinte. Possui um aperto de mão amigável, firme, porém, não ostensivo. É geralmente muito cortês. Apresenta contato visual sincero, caloroso e amigável. É persistente. É preciso ter tempo para conhecê-la como pessoa; é preciso usar um ritmo pausado; fazer perguntas, ouvi-la e mostrar-se interessado nela.
Uma pessoa com alto índice da dimensão “Controle” é em geral: Preparada para sua visita, sem pressa, organizada e pontual. É sistemática e disciplinada em termos de tempo. Tende a não compartilhar seus sentimentos, muito polida e diplomática. Tende a evitar o contato visual, por isso, pode parecer “fria” e pouco expressiva. Tem um questionamento preciso, lógico e detalhado. Concentra-se sempre nos detalhes. Com ela é preciso ser sistemático e organizado.
Se você deseja compreender mais detalhadamente como funcionam esses perfis, você pode ler o livro: “Líder do Futuro – A transformação em Líder Coach”, de Arthur Diniz.
O importante é que você, em primeiro lugar, identifique o seu perfil dominante, para depois disso, observar qual o perfil das pessoas com as quais você se relaciona. Esperamos ajudá-lo a compreender melhor o comportamento do outro facilitando o seu relacionamento interpessoal com todos.
Flávio Roberto

A NECESSIDADE DE PERCORRER UM CAMINHO FORMATIVO

“Não basta evangelizar, é preciso se evangelizado”
“Não basta profetizar, é preciso ser uma profecia para este tempo.”

Com esse apelo quero contribuir para que aumentemos a nossa consciência quanto à necessidade de nos encontrarmos diariamente e aprendermos com Jesus, para então ministrarmos ao mundo o Seu Evangelho. “Sou eu, que estou falando contigo”(Jo 4,26)
A Salvação de Jesus Cristo traz o ser humano sempre para a verdade, e a formação é a via segura que nos remete a esse encontro com a Verdade, que também é Caminho e Vida. “Quem pratica a verdade, se aproxima da luz, já que são praticadas em Deus”(Jo 3,21).
Todo homem ou mulher que quer se consagrar à Deus precisa percorrer essa caminho formativo: a própria vida de Cristo que nos revela o Pai e o seu Espírito e que nos leva a consciência de quem é Deus e quem somos nós, tornando-nos verdadeiros adoradores em Espírito e Verdade, e fazendo com que nos sintamos filhos muito amados, dispostos a nos entregar às mãos do Pai.
O documento da Igreja dirigido àqueles que buscam um Vida Consagrada nos exorta:
A primeira tarefa da vida consagrada é tornar visíveis as maravilhas que Deus realiza na frágil humanidade das pessoas chamadas.
Para tornar visível as maravilhas de Deus em nós, é preciso percorrer este caminho de formação, deixando-nos ser iluminados pela verdadeira luz. E sob essa luz precisamos permitir que toda a nossa história pessoal seja partilhada, acolhida e amada para então ser repassada e entregue, como ofertório, para Aquele que pode transformar, perdoar e curar. Só assim nos tornaremos, cada vez mais, homens e mulheres livres para respondermos, com docilidade, as solicitações diárias do Espírito Santo, que vai revelando sua obra original, sonhada por Deus.
Para nós, a forma é Cristo!
Se o objetivo central é ser como Cristo, a resposta é pessoal. Assim sendo, a pessoa deve assumir a sua responsabilidade quanto à escolha que quer fazer para a sua vida.
Assumir essa escolha é abrir-se para a ação do Espírito Santo. Aquele que teceu Jesus no ventre de Maria, também quer tecê-Lo em nossos corações. Por isso, a formação por excelência não é em si um conteúdo, mas é, antes de tudo, uma resposta livre do homem ao Espírito Santo, que age através dos meios propostos: literatura adequada aos assuntos formativos, dinâmicas, oração pessoal, intimidade constante com Deus, convivência fraterna e serviço.
Sobretudo a vida comunitária no carisma, em todos os seus desafios, é itinerário formativo para que haja este encontro: eu com Ele e Ele comigo!
Que sob a observação e cuidados da Sagrada Família de Nazaré tenhamos a coragem de nos configurarmos à Cristo,
Graça e paz,
Rodrigo Ramos

A TENTAÇÃO DE PARA NO "OÁSIS"

E ficarmos parados para sempre.
O encontro com o Senhor Jesus é o mais comprometedor e difícil de superar. São poucos os que conseguem chegar a esta dimensão e permanecer nela.
Jesus diz: “ Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino dos céus” (Mt 7,21).
O encontro com Jesus que cura não é a chegada, mas o começo da nossa caminhada. Isto não deve, de forma nenhuma, tirar nossa coragem, porque o que interessa é que estamos caminhando.
Geralmente, durante o percurso, chegamos ao deserto que, como explicam os místicos, é uma etapa essencial para uma real maturação espiritual. No entanto, o maior risco que corremos é o de chegarmos ao “oásis” e pararmos de forma definitiva.

O que é um Oásis?
É uma área do deserto onde a terra produz vegetação; tem água, palmas, árvores, etc. Em suma, existe tudo que serve para sobreviver.
Moisés, encarregado por Deus de conduzir os israelenses do Egito para a Terra Prometida, durante a viagem, que durou quarenta anos, encontrou diversos oásis como o de Jericó.. Em tais ocasiões, Deus sugerira a Moisés parar para descansar.
Descansar no oásis é muito prazeroso, mas, após o descanso, chegava a nova ordem: “Enrolar as tendas e recomeçar a caminhada”. Mas o povo de Israel, diante desta ordem, muitas vezes se rebelou.
Hoje, na nossa vida acontece a mesma coisa; queremos ficar para sempre no oásis e o procedimento é simples: tentamos evitar os pecados graves; se caímos, corremos, imediatamente, para nos confessar; tentamos participar da Missa aos domingos e nos esforçamos para fazer o bem. Isto é o suficiente para nos salvar! Por que, então, recomeçar a caminhada? É dessa forma que ficamos parados para sempre.
Atenção! Para evitar esse perigo é bom que a alma, decidida a começar uma caminhada séria, escolha um guia espiritual que possa ajudá-la a distinguir um oásis de chegada e o ajude durante a longa e fatigosa viagem espiritual. Mas, às vezes, até o guia espiritual pode ser enganado pelo demônio, chegando a ser um verdadeiro perigo para as almas a ele confiadas.
Uma vez, um casal me procurou dizendo ter recebido um chamado bastante original: o Senhor tinha feito com que eles entendessem que deviam abandonar tudo para evangelizar, vivendo apenas da providência.Tentei convencê-los a não fazer isso, porque, a meu ver, era uma grave imprudência. Graças a Deus, não fui escutado e eles fizeram o que sentiam no coração. Atualmente, são dois evangelizadores incansáveis que fundaram escolas de evangelização no mundo todo.
Isso prova que podemos ser deletérios quando não estamos abertos para o Espírito Santo.
Flávio Roberto

ESPERANÇA, UM COMBUSTÍVEL DA VIDA

Uma vida sem sabor é uma vida sem perspectivas

A esperança corresponde à aspiração de felicidade existente no coração de cada pessoa. Interessante observar que quem perde a esperança mais profunda perde o sentido de sua vida, e viver sem esperança não tem sentido. O próprio antônimo dessa palavra é DESESPERO, ou melhor, a perda quase que em estado definitivo da esperança. O desespero é capaz de corroer o coração.
A esperança é a vacina contra o desânimo, contra a possibilidade de invasão do egoísmo porque, apoiados nela, nos dedicamos à construção de um mundo melhor. A perda da esperança endurece nossos sentimentos, enfraquece nossos relacionamentos, deixa a vida cinza, faz a vida perder parte do seu sabor. No entanto, todos os dias, somos atingidos por inúmeras situações que podem nos desesperar.
A esperança é o combustível da vida, a forma de mantê-la viva é não prender os olhos nas tragédias; a cada desgraça que contemplamos corremos o risco de perder combustível. Existe na mitologia grega uma figura interessante chamada Fênix, que quando morria entrava em autocombustão e, passado algum tempo, renascia das próprias cinzas. Essa ave, o mais belo de todos os animais fabulosos, simbolizava a esperança e a continuidade da vida após a morte. Revestida de penas vermelhas e douradas, as cores do Sol nascente, possuía uma voz melodiosa que se tornava triste quando a morte se aproximava.
A impressão causada em outros animais – por sua beleza e tristeza – chegava a provocar a morte deles. Nossa vida passa por esse processo várias vezes num único dia, ou seja, sair das tragédias para contemplar a beleza que não morreu, a vida que existe ainda, como fazia essa ave mitológica. Alguns historiadores dizem que o que traria a Fênix de volta à vida seria somente o seu desejo de continuar viva, depois de completar quinhentos anos elas perdiam o desejo de viver e aí, se morressem, não mais reviviam. O desejo de continuar a viver era sua paixão pela beleza que é a vida.
Vida sem sabor é uma vida sem perspectivas; quem cansou de tentar, cansou de lutar, desistiu de tudo, uma vida que apenas espera o seu fim por pensar que nada que se faça pode mudar coisa alguma. Quem perdeu a capacidade de sonhar, o desejo de felicidade confundiu-se com a utopia. Felizmente não existe motivo para desanimar, lembrando as palavras de São Paulo: “A esperança não decepciona” (Rm 5,5). Não falamos aqui de qualquer esperança, mas da autêntica esperança, que não se apoia em ilusões, em falsas promessas, que não segue uma ilusão popular em que tudo se explica.
A esperança verdadeira, vinda de Deus, é uma atitude muito realista, que não tem medo de dar às situações seu verdadeiro nome e tem sempre Deus como fator principal. Não tem medo de rever as próprias posições e mudar o que deve ser mudado. À medida que perdemos ilusões e incompreensões temos o espaço real, no qual pode crescer a esperança, que nada mais é do que a certeza de que tudo pode ser melhor do que o que já vemos, e o desejo de caminhar na direção da vida, atraídos pela sua beleza, que no momento pode somente ser sonhada, mas é contemplada pelo coração.
O homem pode ser resistente às palavras, forte nas argumentações, mas não sobrevive sem esperança. Ninguém vive se não espera por algo bom que seja bem melhor do que o que já conhece, que já possui ou já experimentou. Deus alimenta nossa vida através da esperança!
Flávio Roberto

EXPERIMENTAR O AMOR DE DEUS

Você já parou para pensar no quanto Deus te fez?
Podemos nos perguntar: quando foi que Deus não nos amou, não nos acolheu, não nos perdoou? Essa é uma pergunta que devemos nos fazer sempre, certos de que o Senhor nos amou e vai continuar nos amando. Arrisco dizer que existe algo que é impossível para o Altíssimo: deixar de nos amar, de nos perdoar e de nos acolher. Ainda que nos precipitemos e nos afastemos, Ele nunca se esquecerá de nós. É lindo perceber que Deus Pai não nos escolhe pelo que fazemos. E que bom que é assim! Sempre nos perguntamos o “porquê” das coisas tristes que acontecem em nossas vidas e quase nunca nos perguntamos o “para quê”. Precisamos fazer como Jó, que reconhece que Deus era o seu tudo e mesmo sofrendo não blasfemou, mas foi fiel ao Senhor. Não é que o Senhor quer que soframos, mas tudo isso é consequência do nosso pecado, da nossa revolta. Quantas situações de sofrimento e de angústia nas quais chegamos a dizer que Ele nos abandonou. Mas perceba: as situações difíceis não passaram? Portanto, não teríamos de concluir que o Senhor não nos abandonou? Isaías, capítulo 44, versículos 1 e 2: “Agora escuta, Jacó, meu servo, Israel, a quem escolhi. Eis o que diz o Senhor que te criou, que te formou desde o seio materno e te socorreu: nada temas, Jacó, meu servo, meu Israel, a quem escolhi!” Deus nos escolheu e nos chamou pelo nome. Ele sempre acredita em nós, sempre acreditou e sempre continuará acreditando. Veja as obras d’Ele na sua vida; e não só as perceba, mas anuncie essas maravilhas. O serviço de Deus é um encargo. Ele tem uma obra para cada um de nós e quer que nós façamos a diferença onde quer que estejamos. Você já se perguntou o motivo do chamado de Deus e para que Ele o chamou? Você já parou para pensar no quanto o Senhor já fez em sua vida? Talvez muitos da sua família e dos seus amigos ainda não vieram para Deus, porque você ainda não reconheceu aquilo que Ele fez em sua vida. Tudo que o Todo-poderoso faz por nós não é para que nos gloriemos, mas para que O testemunhemos com coragem. O Senhor nos deu uma missão, sempre acredita e aposta em cada um de nós; Ele nos ama e nos acolhe. No entanto, muitas vezes, nós não acolhemos o amor d’Ele porque nem sempre temos atitudes de filhos para com Ele. Precisamos agir como filhos em nosso relacionamento com Deus Pai. Precisamos reconhecer que Ele nos acolhe.
Por amor à sua família e por amor a você, deixe-se amar por Deus.
Flávio Roberto

O SIM DA CONVERSÃO


A renúncia de uma vida de ilegalidade.
Converter-se é deixar de viver longe de Deus. Sair do estado de perdição, deixar o pecado. Não somente o ato mau em si, mas o estado que resulta dele, o estado da perda da salvação e o sentimento de inimizade contra Deus. O passar a viver e estar longe de Deus. Conversão consiste em voltar para o Senhor com todo o coração, retomar o caminho das suas veredas.
A conversão é um conceito complexo, que significa uma profunda mudança de coração sob o influxo da Palavra de Deus. Essa transformação interior exprime-se nas obras e, por conseguinte, na vida inteira do cristão. A conversão significa a vitória sobre o velho homem que está enraizado (a existência carnal) e o começo de uma vida nova (a vida no Espírito) criada e governada pelo Espírito de Deus. É um fato que na História da Salvação, após o pecado original, cada vez que Deus vai ao encontro do homem para com ele dialogar, o faz para provocar nele a conversão do coração.
Não basta renunciar somente a um ato mau, nem a um hábito pecaminoso. Precisa-se ir ao centro da existência: todo o coração e todo o procedimento devem ser mudados. O afastamento de Deus somente termina quando o próprio Senhor se achega pessoalmente do homem.
A conversão, como saída do estado de pecado, de ausência de Deus e de perda da salvação, está unida à aceitação incondicional da soberania divina. Reconhecendo que se praticou o mal, que se tem necessidade de Redenção e de uma transformação completa.
Quem realmente se converte, submete-se de boa vontade à lei divina. Renuncia à vida de ilegalidade. Converter-se é deixar de viver na injustiça. Quem se converte reconhece o quanto deve a Deus e esforça-se por Lhe dar a devida honra. Todo pecado cria um estado permanente de sonegação de justiça para com Deus. É uma inimizade habitual, uma injustiça. É uma recusa permanente de dar ao Senhor a glória que Lhe pertence e de prestar ao Pai a obediência e o amor filial. A conversão tira-nos desse mísero estado. Supõe uma renovação integral do coração.
Converter-se é deixar de viver na mentira. Quem se converte afasta-se da mentira. O pecado é mentira. Por isso, a conversão requer uma mudança total de mentalidade, um espírito novo, o Espírito da Verdade. A conversão é um ’sim’ à verdade.
Conversão é a volta à casa do Pai e a entrada no Reino de Deus. Passagem das trevas do pecado para a luz da Graça. O caminho que Deus aponta conduz a uma conversão séria e autêntica do coração. Deus apela para a liberdade humana e que a íntima conversão desta liberdade é obra Sua.
A conversão se inicia no momento em que Deus se digna de derramar “o espírito de graça e de preces” (cf. Zac 12, 10). Porém, nossa conversão não se realizará sem o ’sim’ de nossa liberdade.
A conversão culmina, – é próprio da essência dela –, em um novo nascimento, num renascimento do alto, de Deus. A volta à casa do Pai é a reintegração nos direitos de filho. Não é algo que se processa unicamente no exterior, mas é uma ação interior, uma modificação vital, um nascimento pelo Espírito. Para o homem, a conversão é, pois, infinitamente mais que o simples fato negativo de se livrar da escravidão do pecado, porque para Deus, o converter-se é infinitamente mais que perdoar pecados, é fazer o dom de uma vida nova. O homem torna-se filho de Deus.
O único modo efetivo de descobrir sempre mais a própria identidade é o árduo, mas consolador, caminho da conversão sincera e pessoal, com um humilde reconhecimento das próprias imperfeições e pecados; e a confiança na força da ressurreição de Cristo. Essa transformação interior exprime-se nas obras e, por conseguinte, na vida inteira do cristão.
Flávio Roberto

JESUS PRECISA CURAR AS FERIDAS FAMILIARES


A rejeição provoca rupturas interiores profundas no laço do relacionamento humano

Na vida familiar acontecem situações que provocam feridas profundas nas pessoas que a compõe: esposo, esposa e filhos. Quantos sofrimentos são gerados por causa de comportamentos que se observam nas pessoas, os quais acabam ferindo as outras.
Neste texto, quero partilhar (o que colhi em minhas pesquisas e experiência de vida) três causas importantes que provocam as feridas que precisam ser curadas na vida familiar.
Primeira causa: A Rejeição
No seio da família acontecem muitos casos de rejeição: pai que rejeita o filho porque este apresenta algum comportamento negativo, ou não de acordo com suas expectativas; mãe que rejeita a filha, porque esta tem manias ou por ciúme e até inveja; filha ou filho que rejeita o pai porque este bebe, fuma ou tem outros pecados; esposa que rejeita o marido (até em situações de sexualidade conjugal); esposo que rejeita a esposa, e assim por diante.
A rejeição provoca rupturas interiores profundas no laço do relacionamento humano, a qual se manifesta em sentimentos de mágoa, fechamento e individualismo; e pior: a pessoa acaba se sentindo rejeitada por todos e até por Deus. Para fechar essa ferida é preciso pedir a força do Espírito Santo e o exercício da acolhida mútua, da aceitação do outro como ele é, com defeitos, imperfeições e pecados. No lugar da atitude de rejeitar, colocar a atitude de aceitar e amar.

Segunda causa: A Desavença
Você pode observar como a raiz de todas as brigas na família é porque demos lugar a essa doença da desavença, da agressão, das brigas. São discussões enormes, as pessoas acabam não se entendendo mais e, por qualquer coisa, acabam se agredindo com palavras e, às vezes, até com socos e tapas. O que mais acontece é a agressão moral: palavras que destroem, de acusação e constrangimento. São pais que ainda agridem seus filhos: batem, brigam, xingam e ofendem. Filhos que perderam totalmente o respeito pelos seus pais. Esposos que agridem suas esposas e as humilham e isso, muitas vezes, na frente dos filhos. Tudo isso gera sentimento de ódio e vingança, revolta e indignação, perda de sentido da própria vida.
Como curar isso? Com as palavras de Jesus: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”. E exercitar a virtude da TOLERÂNCIA, voltarmos a ser tolerantes e a pedir a graça de sermos controlados em nosso temperamento pelo Espírito Santo. Precisamos rezar e pedir um coração manso e humilde como o de Jesus, para sermos curados dessas feridas todas. E buscar o diálogo, a conversa franca e amiga.

Terceira causa: A Indiferença
Em muitas famílias não acontece a rejeição, nem qualquer tipo de agressão, mas as pessoas deixaram de ser carinhosas e atenciosas entre si. As situações de trabalho e a correria do dia-a-dia levaram-nas a ter atitudes de indiferença. Pais que não estão nem preocupados com seus filhos, que deixaram de colocá-los no colo e de lhes fazer um gesto de carinho e afeto. Entre irmãos vemos que cada um vive sua vida de forma independente e sem qualquer tipo de envolvimento afetivo. Entre cônjuges, então, a situação é caótica: as vezes até têm relações conjugais, mas com frieza e cada um buscando o seu próprio prazer. Isso tudo provoca a fuga (bebida, drogas, fumo) para compensar a necessidade humana de amar e ser amado. Dessa forma, acontecem os divórcios e separações. Filhos que saem de casa para viverem suas vidas, por não suportarem um relacionamento frio e sem amor.
Jesus pede que recebamos um novo Pentecostes, como um derramamento do Espírito Santo, para que transborde o Amor de Deus de nós e passemos a distribuir amor e carinho principalmente entre os de casa. É essa a vontade de Deus, como disse o saudoso Papa João Paulo II: que se construa uma civilização do Amor, no seio familiar (Familiares Consortio).
Depois dessa reflexão que o nosso coração rejeite tudo que destrói nossos relacionamentos e nos apropriemos da graça de começar de novo, de retomar uma vida vivida no amor. Que Deus nos ajude nisso.

Flávio Roberto

MULHER CURADA, MULHER MISSIONÁRIA


“Eu te bendigo, Senhor, a ti que me fizeste melhor!”
Todos somos feridos na nossa identidade. A grande cura só aconteceu quando comecei a aceitar que era mulher, quando pude dar graças a Deus por ser mulher: Traços, órgãos genitais, etc…

Gostaria de contar-lhes o meu testemunho. Sou primeira filha de uma família de 3 irmãos. Quando minha mãe estava grávida, meu pai queria que eu fosse um filho homem. Daí começou a grande ferida de não ser aceita; quando nasci meu pai não me deu muita atenção. Logo com o nascimento do segundo filho que foi homem meu pai se alegrou e colocou até o seu próprio nome no meu irmão.
Fui crescendo com essas feridas na minha identidade. Não aceitava ser mulher, por isso gostava de tudo que fosse serviço de homem. Quando criança gostava de jogar futebol, lavar carro, gostava de dirigir carros. Logo que aprendi a dirigir, como morávamos numa cidade do interior e meu pai tinha fazenda, aprendi a dirigir caminhão, sempre quis chamar a atenção do meu pai, queria agradá-lo, provar que existia, queria ser notada por ele.
Serviço de mulher, como lavar louça, arrumar casa, cozinhar tudo isso eu detestava, e para ajudar, minha mãe com suas frustrações de nunca ter trabalhado fora dizia que fogão e tanque não davam futuro a ninguém, me incentivava a estudar, a ser independente. Com tudo isso foi sendo gerado em mim uma grande perversão na minha Identidade de mulher.
Chegou o tempo do casamento, e toda mulher quer se casar, ter uma casa e filhos para cuidar, eis ai o grande conflito, como eu detestava cozinhar, lavar, passar, arrumar… ufa que coisa chata!
Com isso me envolvi no mundo do trabalho, sou formada em Educação Física com especialização em natação e hidroginástica; chegava a dar 13 aulas por dia para não ficar em casa. Tudo o que envolvesse trabalho fora de casa era comigo mesmo, até trabalhos na igreja (comunidade).
Ao longo da caminhada de fé, Jesus me chamou a me consagrar, a dar a minha vida a Ele no carisma de resgatar a família na comunidade Católica Sagrada Família onde faço parte há 11 anos e sou consagrada há 6 anos e missionária há 2. E dando a minha vida fui enviada de São Paulo onde tinha empregada, não colocava a mão em nada dentro da minha casa, para Palmas no Tocantins, onde passei a não ter empregada e me vi obrigada a fazer tudo numa casa. Imagine os primeiros meses, que infelicidade. A casa para limpar, comida para fazer, roupas para lavar e passar e ainda tinha a missão.
Como estive envolvida no mundo do trabalho por 13 anos, sentia que havia algo errado dentro de mim, alguma coisa não estava bem encaixada, algo estava fora do lugar, foi aí que, fazendo um percurso de antropologia pude aprender sobre a graça de ser mulher.
E a primeira graça de ser mulher é ser mãe, eis a primeira vocação da mulher: ser mãe. Na passagem de João 19, 25-27 vemos Jesus dizendo 4 vezes “Mãe”, lembramos dos 4 pontos cardeais, todo o nosso ser é chamado a ser fecundado, a ser mãe, a gerar vida.
Aprendi que a mulher é como um cristal, frágil, mas ao mesmo tempo bela. Com a liberação feminista a mulher quis se transformar em ferro, ou seja, se igualar ao homem. Hoje vemos muitas mulheres que tem que provar que são ferro, e muitas vezes eu quis ser ferro. Na verdade um cristal precisa de um homem de ferro.
Quando aceitamos a nossa verdadeira identidade, aceitamos que somos frágeis, que somos cíclicas (relógio, todo mês). E o mundo quer nos dizer arranque sua menstruação (fique igual ao homem). Hoje o mundo quer dizer que todos somos iguais. Tudo isso faz com que tenhamos uma grande perversão na nossa identidade, e era isso que acontecia comigo.
Pude perceber que a minha identidade de mulher estava destruída, que vivi numa verdadeira bagunça interior, não me compreendia. A cura se deu quando pude perdoar o meu pai por não me aceitar por ser uma menina, e aceitar e deixar Deus Pai me amar, e me deixar proteger por Ele, aceitar o meu corpo e dar garças a Deus por ser mulher, por Deus ter me criado mulher, aceitando os meus traços, órgãos e minha feminilidade.
Aceitar as variações que o meu corpo tem todo mês, e que há momentos que não me sinto disponível, nem para os outros e nem para Deus! Assim me reconheço frágil e me deixo abrigar e amar. E ao reconhecer que sou cristal, na minha casa, passei a ser mãe de verdade. Hoje estou mais presente na educação das minhas filhas, levo o evangelho e a presença de Deus como a luz da minha casa. Faço todas as coisas sem murmuração. Com meu esposo nem se fala, ele diz que tem uma nova mulher.
Pude constatar a cura da minha identidade com uma oração muito simples, quando dizia para Deus que aceitava, por Ele ter me criado mulher e dando graças a Ele por me ter feito de modo tão maravilhoso, o salmo 138 me ajudou nesse processo de cura, fui recriada com essa palavra.
A segunda graça que recebi foi a da dignidade Batismal. Tive mais consciência que esse corpo que Deus me deu de mulher é templo do Espírito Santo. Que sou filha amada, em quem Deus põe toda a sua afeição (Mt 3,17).
Como Catarina de Sena, pude perceber que ao receber o batismo, o Senhor nos dá um brasão, nos devolve a dignidade de filhos, que sou selada com o Espírito Santo (Rom 8,15). Tenho dons para serviço dos meus irmãos mais pobres. Tudo isso me fez me sentir muito digna.
E ao receber essa dignidade de filha de Deus, o próprio de Deus me dá três capacidades: 1) A de amar, dentro de mim tem uma fonte inesgotável de amor. 2) Tenho a capacidade de relação, ou seja, de ensinar a amar, e 3) capacidade de desejo (desejo do céu). Que no fundo da minha alma tem um sacrário com a presença de Deus que é inviolável, nem o demônio pode penetrar, há uma “terra santa” dentro de mim, e sou chamada como mulher a levar esse sacrário, essa presença de Deus à humanidade. Como a Virgem Maria quero levar o seu povo onde Deus me enviar.
Louvo e agradeço a Deus por ter me escolhido e acolhido, como mulher, a levar a
sua palavra. “Em vós eu me apoiei desde que nasci; desde o seio materno sois o meu protetor, em vós eu sempre esperei. Mas vós tende sido o meu poderoso apoio.” (Sl 70, 6-7).
Curada posso servir melhor a Deus. E dentro da missão que trabalho hoje, a minha fecundidade se deu como mãe espiritual, hoje tenho vários filhos(as) e famílias sendo gerados no Evangelho de Jesus Cristo.
O Senhor fez em mim maravilhas.
Maria Helena Trevizani Pereira de Oliveira
Missionária Consagrada da Comunidade Católica Sagrada Família
Palmas/TO
sagradafamilia.palmas@sagradafamilia.org.br

A BELEZA DO FEMININO SALVA A HUMANIDADE

A mulher não pode deixar o específico do feminino
“A mulher de valor, quem a encontrará? Ela é mais preciosa do que as jóias [...] proporciona sempre alegria, nunca desgosto” (Pv 31,10-12).
Recordo-me aqui de uma conversa com um padre africano, estudante na mesma Universidade que frequentei, em Roma. Dizia-me ele: “Em nossas tribos, temos um ditado muito interessante: ‘Quem educa um menino, educa um homem; porém, quem educa uma menina, educa toda uma sociedade’”.
Fiquei pensando no que ele me disse, na cultura que expressava e fui ligando isso às coisas que ouço e vejo por aqui. Quantas vezes, deparei com verdadeiras heroínas, mulheres batalhadoras e destemidas que, deixadas pelos maridos, criaram e formaram seus filhos. Outras vezes, ouvi alguns dizerem que a mulher é o esteio, o sustentáculo de uma família. A presença da mãe-esposa-mulher une e aquece um lar. Mais tarde, em aula, ouvi um grande professor dizer que a mulher tem o poder de dar identidade aos filhos e à casa.
Que profundidade em todas essas ideias! Verdadeiramente a mulher revela o ser imagem de Deus com seus atributos de ternura e bondade, força e coragem e, com o homem, formando o casal pelo Sacramento do Matrimônio, revela a riqueza do ser imagem e semelhança de Deus, assim como foram criados (cf. Gn 1-2).
Pensando em tudo isso, neste mês em que celebramos o Dia Internacional da Mulher, creio que todos nos alegramos com as conquistas dessas que devem gozar de todo respeito e reconhecimento pelo papel que desenvolvem na família, na Igreja e na sociedade. Porém, é bom lembrar que a mulher deve cumprir o seu papel específico.
Em nome de conquistas, a mulher não pode deixar o específico do feminino: Mulher-Mãe, Mulher-Esposa, Mulher-Dom, Mulher-Portadora e Defensora da Vida… A mulher mantém uma casa em pé! Aliás, não é à toa que em nossa fé temos uma Mulher em pé junto à Cruz de seu Filho. Maria-Esposa-Mãe revela essa força, revela também a beleza do feminino. Imitando essa Mulher forte do Evangelho, que cada mulher se orgulhe do que é e do que faz!
Que reconheçamos cada vez mais que a beleza verdadeira do feminino salva a humanidade!
Deus escolheu uma Mulher para ser portadora de Seu maior presente para nós!
A Igreja, Esposa de Cristo, revela também essa beleza do feminino que traz consigo consolação, amparo e conforto! Que nossas famílias reconheçam sempre o quanto a presença feminina nos enriquece e o quanto precisamos ser gratos a nossas mães, avós, esposas, filhas, irmãs! Aproveito para agradecer a todas as mulheres que mantêm nossas comunidades vivas e belas!
Pe. Rinaldo Roberto de Rezende
Pároco da Catedral São Dimas - São José dos Campos - SP

SUBMISSÃO, UM SIGNIFICADO DIFERENTE


Uma atitude mútua, independente daquele que julga ter mais autoridade
Todos trazemos no íntimo o desejo de ser bons, no entanto, o nosso empenho em nos aplicarmos a isso e às mudanças necessárias para o bom convívio perdem o interesse quando precisamos nos fazer submissos à vontade ou às justificativas do outro. Ser bons com as pessoas somente nos momentos em que estamos nos relacionando a distância ou nos breves momentos de encontros pode até parecer fácil. Entretanto, ainda que o mundo moderno esteja diminuindo as distâncias por intermédio da tecnologia, um relacionamento, para se tornar fecundo, não se faz somente por meio de breves cumprimentos ou de momentos mantidos por contatos telefônicos.
Já foi comentada, em outros artigos, a necessidade de nos moldarmos às situações comuns estabelecidas dentro de um relacionamento. E entre muitos exemplos apresentados para viver a sadia convivência, podemos compará-la ao enxerto, em que duas pessoas se unem para formar uma nova, com riquezas comuns. De maneira especial, tal exemplo, me parece ser ainda mais apropriado para o relacionamento conjugal. Pois se trata de um casal que se une no propósito comum de uma vida a dois, dispostos, a partir dessa união, a gerar filhos.
Aqueles que se dispõem a viver um relacionamento e a trocar experiências de vida, de certa maneira, se colocam dispostos a aprender com aquilo que a outra pessoa pode oferecer. Além de juntos propiciarem agradáveis momentos um ao outro, devem também estar dispostos para enfrentar os desafios próprios, estabelecidos pelo relacionamento conjugal.
Tais desafios tocam pontos nevrálgicos, como, por exemplo, viver a submissão ao outro. Uma palavra que nos traz à mente o símbolo de poder e opressão. Pois associou-se a essa palavra a atitude daquele que é subjugado, daquele que se anula diante do outro que detém autoridade. Talvez, por esse motivo, a maioria das pessoas tenham riscado essa palavra do seu vocabulário e por ser tão difícil assimilar tal gesto.
Contudo, também fomos submissos quando, de maneira voluntária, nos entregamos ao conhecimento e à “autoridade” do professor ao aceitar as regras impostas pela matemática. A fim de aproveitar das benesses do conhecimento, subjugamo-nos à autoridade daquele que mais sabia, e este [o professor], na sua autoridade, submeteu-se às limitações dos alunos para lhes favorecer a transformação de suas vidas, com a luz do saber.
A submissão é uma atitude mútua, independente daquele que julga ter mais autoridade se comparado ao outro. Ela significa limitar-se voluntariamente ao outro sem contrariar a nossa consciência ou nos obrigar a fazer algo condenável ou à força.
Se dentro de um relacionamento alguém tem mais autoridade em determinada situação sobre a outra pessoa, em vez de fazer dessa autoridade um instrumento para tirar vantagens, que se seja submisso na maneira de tornar a vida daqueles que estão à sua volta mais fácil. Para isso é necessário que cada um de nós trabalhe em nossas próprias atitudes, utilizando-nos desse ato de viver a submissão como “óleo” que lubrifica as engrenagens dos nossos relacionamentos.
Um abraço
Dado Moura
dado@dadomoura.com
cancaonova.com

QUANDO OS FILHOS VÊM

Alguns casais acham que o relacionamento está esfriando
Dentro do casamento, com a chegada dos filhos, os casais experimentam a passagem do estado de vida de marido e mulher para pai e mãe. Com o nascimento do filho, a vida tranqüila estabelecida entre os cônjuges pode parecer, para os mais carentes, que estão deixando de ser amados, pois já não têm a mesma atenção de antes. Para outros casais, a criança veio roubar toda a atenção e o cuidado do mundo, e acreditam que, justamente por causa do bebê, o relacionamento está esfriando.
Dentre as muitas adequações que precisamos viver com o nosso cônjuge, a paternidade nos impõe outras mudanças naquilo que antes era vivido apenas entre duas pessoas. O que era necessário para a promoção da harmonia do convívio a dois, passa a ser uma exigência dentro de um triângulo amoroso - pai-mãe-filho.
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A mudança repentina de casais de namorados para família faz com que os cônjuges se sintam, momentaneamente, perdidos sobre como administrar as novas tarefas. Novos hábitos deverão ser assimilados pelos casais, pois, aumentam-se os afazeres e o dia continua com as mesmas 24 horas. A criança, recém-chegada, já estabelece aos pais a obrigação de trocar suas fraldas, arrumar a mamadeira e define ao casal novos horários para dormir e acordar, além de fazer costumeiras interrupções do sono durante a madrugada.
Nas 24 horas do dia o “filhote” exigirá dos pais uma atenção dedicada. Tudo aquilo que era vivido entre marido e mulher - os namoros, as atividades de finais de semana, os compromissos sem hora marcada - passa a ser, agora, vivido em função dos horários permitidos pelo bebê. Conseqüentemente, todas essas novas atividades, facilmente, vão alterar os ânimos, e a relação conjugal poderá ficar muito limitada; até que sejam estabelecidas novas fórmulas para compensar tantas mudanças.
Alguns casais, diante dessa novidade, podem se sentir “maiores abandonados” ou “mal-amados” em razão da desatenção ou falta de solidariedade do companheiro para o cumprimento das novas tarefas como pais.
Antes mesmo de se fazer um diagnóstico condenando a relação conjugal, é interessante lembrar que na proposta do casamento estão implícitas a aceitação e a educação dos filhos. Assim, se os casais não estiverem unidos no mesmo compromisso ou considerarem que os cuidados com o filho cabem apenas à genitora, problemas certamente vão surgir. Novamente, caberá aos casais o desafio de descobrirem no marido o pai e na esposa a mãe, os quais antes de se tornarem pais, continuam sendo as mesmas pessoas “enamoradas e apaixonados” de 9 meses atrás.
Se desejamos ter os mesmos carinhos e atenção de antes, é necessário manifestar a disposição para acolher outras mudanças, que começarão na partilha das tarefas, na paciência e na flexibilidade dos conceitos para o novo que a paternidade e a maternidade traz.
Com a chegada da “cegonha” muitos novos hábitos deverão ser assimilados pelos casais, sem que necessitem abandonar os carinhos de marido e mulher.
Dividir as obrigações alivia a responsabilidade do cônjuge; por conseguinte, propicia o tempinho, suficiente, para se viver com qualidade o momento de pai, agora apaixonado pela mãe.
Um abraço,
Dado Moura
dado@dadomoura.com
cancaonova.com

O PECADO


O bem e o mal que fazemos não param em nós mesmos, entram e repercutem na história. Cada um de nós responderá diante de Deus pelo mal praticado e pela omissão diante do mal presente no mundo. Pecado, no sentido estrito, se diz de uma ação ou omissão da pessoa, contrariando a vontade de Deus. Em sentido analógico se pode falar em pecado estrutural para significar que o egoísmo infecta as estruturas da sociedade quando estas se constituem em benefício de um grupo ou classe social em detrimento dos outros, tornando-se assim geradoras de injustiça. Falamos então de injustiça social.
A sociedade estará organizada de forma injusta se não respeitar e promover o direito de todos seus membros. As leis civis serão justas na medida em que garantam uma ordem social que atenda ao bem comum. Não basta para o discípulo de Cristo ser na vida particular uma pessoa honesta. É necessário empenhar-se para corrigir as distorções no funcionamento da sociedade, transformando as estruturas injustas. Os legisladores são especialmente responsáveis nessa tarefa. Mas, por melhores que sejam as leis, se as pessoas não se empenharem pelo seu cumprimento, a justiça não se faz na convivência social. Estamos em plena quaresma.
A segurança pública é a questão de que se ocupa a Campanha da Fraternidade deste ano. Seu lema: “a paz é fruto da justiça”. Mas de onde vem a justiça? Ela é fruto do empenho das pessoas em fazê-la acontecer. Se não houver pessoas comprometidas com a justiça, não haverá paz. A missão evangelizadora da Igreja destina-se a transformar a humanidade. Assim ensinava na “Evangelii Nuntiandi” o Santo Padre, o Papa Paulo VI: “Evangelizar, para a Igreja, é levar a Boa Nova a todas as parcelas da humanidade, em qualquer meio e latitude, e pelo seu influxo transformá-las a partir de dentro e tornar nova a própria humanidade: “Eis que faço de novo todas as coisas”. No entanto não haverá humanidade nova, se não houver em primeiro lugar homens novos, pela novidade do batismo e da vida segundo o Evangelho.
A finalidade da evangelização, portanto, é precisamente esta mudança interior; e se fosse necessário traduzir isso em breves termos, o mais exato seria dizer que a Igreja evangeliza quando, unicamente firmada na potência divina da mensagem que proclama, ela procura converter ao mesmo tempo a consciência pessoal e coletiva dos homens, a atividade em que eles se aplicam, e a vida e o meio concreto que lhes são próprios” (n. 18). Conversão é, pois, o sentido do empenho evangelizador da Igreja. O pressuposto é este: todos somos pecadores e precisamos mudar nossa vida. São Paulo, na Epístola aos Romanos, ensina: “…todos, judeus e gregos, estão sob o domínio do pecado”(Rom 3,9). A antropologia paulina, ao mesmo tempo que reconhece a dignidade original do ser humano, criado por Deus em estado de justiça e santidade, entende que a desobediência, já nas origens, introduziu na natureza humana uma desordem que permanentemente tende a afastar o ser humano de Deus destruindo sua beleza original e conduzindo-o à morte. São Paulo descreve de forma dramática a condição humana marcada pelo pecado: “pois como o pecado entrou no mundo por um só homem e, por meio do pecado a morte; a morte passou para todos os seres humanos, porque todos pecaram…” (Rom 5,12).
O pecado instalado dentro do ser humano, ao colocá-lo longe de Deus, deixa-o entregue à sua própria fraqueza, levando-o à prática de obras más que selam definitivamente sua decadência rumo à morte, salário do pecado. Uma cultura que estimula as paixões pecaminosas é uma cultura de morte ou, se quiserem, da morte. Ao descrever o destino moral daqueles que desconhecem a Deus e sua lei, assim se exprime São Paulo: “E, porque não aprovaram alcançar a Deus pelo conhecimento, Deus os entregou ao seu reprovado modo de pensar. Praticaram então todo o tipo de torpeza: cheios de injustiça, iniqüidade, avareza, malvadez, inveja, homicídio, rixa, astúcia perversidade; intrigantes, difamadores, abominadores de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, tramadores de maldades, rebeldes aos pais, insensatos, traidores, sem afeição, sem compaixão. E, apesar de conhecerem o juízo de Deus que declara dignos de morte os autores de tais ações, não somente as praticam, mas ainda aprovam os que as praticam”(Cf. Rom 1,18-32).
A raiz, pois, dos males que assolam a humanidade está no desconhecimento e desprezo de Deus. É um tremendo engano pensar que a paz social será alcançada mediante leis penais mais perfeitas e aparelhamento policial mais treinado para garantir a segurança do cidadão. Isto é necessário, mas não ataca as raízes do mal. Os crimes brotam de corações plasmados por uma cultura sem Deus, muitas vezes feridos pela injustiça e pela indiferença da sociedade, dos quais desapareceu o amor e o desejo do bem.
Nós, cristãos, temos a inabalável convicção que só em Cristo o ser humano pode encontrar salvação: “…como o pecado reinou pela morte, assim também a graça reina pela justiça, para a vida eterna, por Jesus Cristo, nosso Senhor”(Rom 5,21). Sobre isso haveremos de refletir no próximo artigo.
Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues