domingo, 22 de novembro de 2009

FAMÍLIA, CÉLULA DE NOSSA SOCIEDADE

Afirmar hoje que a família é a base e a célula mater da sociedade, me parece afirmar mais uma verdade do que uma realidade vivida e aceita. O que quero dizer é que como verdade absoluta essa afirmação é imutável e que como realidade ela já não está tão arraigada nos conceitos e convicções de nossa sociedade, visto a própria situação de sociedade em que vivemos. Ao menos, de maneira implícita essa verdade hoje não é aceita, já que, em seu conceito básico a família é uma instituição Divina, e Deus hoje parece estar entre parênteses para a maioria das pessoas e famílias e à margem da educação familiar e institucional ou ainda, fora de cogitação – poderia assim dizer – daquilo que deveria ser o agir ético e moral dos governantes e autoridades em nossa sociedade.
Para que essa distorção da verdade seja corrigida é necessário, da parte da sociedade e também da família, correções nas formas e conceitos em que se alicerçam hoje. O que se espera então da sociedade e da família? O que a família deve esperar da sociedade e a sociedade da família? Vejamos alguns conceitos recordados por João Paulo II:
“A família é uma comunidade de pessoas, a menor célula social, e como tal é um instituição fundamental para a vida de cada sociedade.
Que espera a família enquanto instituição da sociedade? Antes de mais, ser reconhecida na sua identidade e aceite na sua subjetividade social. Esta subjetividade está ligada à identidade própria do matrimônio e da família. O matrimônio, que está na base da instituição familiar, é estabelecido pela aliança com que ‘o homem e a mulher constituem entre si a comunhão íntima de toda a vida, ordenada por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole’ (CDC, cân. 1055,1). Somente tal união pode ser reconhecida e confirmada como ‘matrimônio” pela sociedade. Ao contrário, não o podem ser as outras uniões interpessoais que não obedecem às condições agora recordadas, mesmo se hoje, precisamente sobre este ponto, se difundem tendências muito perigosas para o futuro da família e da própria sociedade.” (Carta às Famílias, 17).
De maneira objetiva ou por vezes nem tanto, percebemos que, à luz desta palavra que acabamos de ver, sociedade e família, negam essa verdade constitutiva de suas próprias naturezas e, levadas pelo comichão de novidades criam para si novos falsos conceitos que, levianamente, as permitiria viver de maneira autorizada um estilo de vida distorcido de sua identidade original: “Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si.” (II Timóteo 4, 3). Essa passagem de S. Paulo a Timóteo que, normalmente aplicamos às falsas doutrinas, seitas e religiões, pode muito bem ser aplicada aqui para entendermos que o que acontece hoje com a família e a sociedade é exatamente isso: guiadas pelas próprias paixões e pela sede de novidades colocam-se sob novas doutrinas, conceitos e mestres, que corrompem costumes e o próprio alicerce seguro no qual, sociedade e família, foram fundadas.
Estamos diante do grande perigo do relativismo. Especialmente o relativismo em relação ao conceito de família e matrimônio. E quando o relativismo atinge diretamente a célula primeira e principal da sociedade, que é a família, a sociedade inteira está em perigo. Posso afirmar com certeza que a raiz do problema está, justamente, na família. O problema da sociedade é que ela reflete aquilo que recebe de influência de sua célula mater. Portanto, precisamente sobre esta constatação, deveríamos voltar nossa atenção à própria célula familiar, para que, recuperada, restaurada, curada e salva, possa, por sua vez – e até diria de maneira automática – recuperar, restaurar, curar e salvar a sociedade. Como também nos recordada o magistério da Igreja e o reforça João Paulo II: “O futuro da humanidade passa pela família!” (Familiaris Consortio, conclusão).
O relativismo em que sociedade e família
vivem hoje jogam por terra a verdade fundamental que as poderia guiar por caminho seguro e as salvar. Voltar ao princípio criador e perceber a intenção amorosa do coração de Deus em seus desígnios para a humanidade, é buscar com responsabilidade e inteligência o caminho que pode dar novos bons rumos para a família e a sociedade por conseqüência.
Quando Jesus foi inquirido pelos fariseus acerca do matrimônio, ele próprio respondeu e insistiu, mostrando essa verdade que não pode ser rejeitada: “…no começo não foi assim.” (Mt 19, 8). É urgente retomar a originalidade do começo, do princípio. Essa resposta de Jesus se torna atualíssima para nossos dias ao vermos todos os questionamentos que são levantados contra a família. Podemos dizer para nossa sociedade com toda a veemência de Jesus: No princípio não era assim…! Mas, somente isso não basta. Dizer que este não é o caminho, é apenas a primeira parte profética: a denúncia. Como profetas, devemos, ser a voz de Deus a indicar o caminho seguro. Continuarei a recorrer o grande profeta da família, João Paulo II, para entendermos o que concretamente cada núcleo familiar deve fazer para vencer o obstáculo do relativismo e viver a verdade absoluta:
“Todavia os simples testemunhos escritos não bastam. Bem mais importantes são os testemunhos vivos. Paulo VI observou que ‘o homem contemporâneo escuta com maior gosto as testemunhas do que os mestres, ou se escuta os mestres é porque são testemunhas’…A Sagrada Família é o início de tantas outras famílias santas… À família está confiado o deve de lutar sobretudo para libertar as forças do bem, cuja fonte se encontra em Cristo Redentor do homem. É preciso fazer com que tais forças sejam assumidas por cada núcleo familiar…” (Carta às Famílias, 23).
Com essas palavras, podemos perceber claramente que nossa sociedade só irá mudar e melhorar se as famílias mudarem e melhorarem. As famílias somente cumprirão essa missão se forem testemunhas práticas da vivência evangélica. A família tem esse modelo evangélico, precisamente na família de Jesus, a Família de Nazaré. A conseqüência dessa vivência será exatamente aquilo que João Paulo II afirmou acima: pela família que vive sua verdadeira identidade, as forças do bem são liberadas sobre a sociedade. Por isso, eu e você, como família, precisamos assumir prontamente essa missão essencial da família em liberar as forças do bem e do amor. Deus é o sumo bem, vai afirmar Santo Tomás de Aquino e Deus é amor (cf. I João 4, 8). Conclusivamente chegamos, sem necessidade de muita inteligência, à conclusão que a solução para a sociedade é a família colocar Deus dentro de si e permitir que Ele aja em suas vidas e não ser apenas um conceito relativo e entre parênteses. Pelo contrário: o Senhor deve ser o centro ordenador de todas as coisas na vida das famílias.
Desta maneira, podemos olhar com esperança para a sociedade. Caso contrário, se a família de hoje continuar enferma e desviada de sua própria identidade e natureza, com certeza a sociedade de amanhã estará pior que a que, tristemente, constatamos hoje. Repito com João Paulo II: “O futuro da humanidade passa pela família!”.
Termino com um pequeno trecho da oração de João Paulo II pela família: “Faz finalmente, te pedimos por intercessão da Sagrada Família de Nazaré que a Igreja em todas as nações da terra possa cumprir frutiferamente sua missão na família e por meio da família.” Amém!
Italo J. Passanezi Fasanella

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