domingo, 22 de novembro de 2009

FAMÍLIA, PRIMEIRA E PRINCIPAL TRANSMISSORA DA FÉ


Este é o tema do V Encontro Mundial das Famílias que será realizado em Valência, Espanha – julho/2006 – com a presença de Bento XVI.
Logicamente um tema desta amplitude não poderia ter maior atualidade do que nos tempos de hoje, onde, em várias nações tidas historicamente como cristãs, justamente pelos valores transmitidos pela família, hoje estão abaladas em seus alicerces cristãos e altamente descristianizadas. Quando uma nação está nesta situação é porque as famílias já estão há mais tempo: é uma questão de conseqüência.
Portanto, com certeza teremos um belíssimo e riquíssimo material, proveniente dos trabalhos deste encontro, que servirá de guia e subsídio para este grande desafio das famílias cristãs no mundo de hoje: transmitir a fé aos seus filhos.
Não podemos parar em nossa reflexão e trabalhos. Do próprio tema para este evento mundial, sugerido por nosso saudoso Papa João Paulo II, podemos já perceber uma direção dupla, porem não opostas entre si dentro de uma verdade/ necessidade. Vejamos:
A verdade/ necessidade: “Família, transmissora da fé”. A dupla direção, podemos dizer paralelas: “primeira e principal”. Este é o lugar da “família transmissora da fé”, assumindo esta sua missão como “primeira e principal”. Como pais, sabendo desta gravíssima responsabilidade como o primeiro e principal lugar de transmissão da fé aos nossos filhos, não podemos de forma alguma delega-lo ou simplesmente deixar de ser para que outros o sejam em nosso lugar. É certo, sim, que esta transmissão da fé não deva ser “nem auto-suficiente nem autônoma. Precisa estar em íntima relação com a Igreja, sobretudo através da paróquia e a escola – principalmente se esta é católica” (cf. Primeira catequese de preparação para o V EMF).
Recorda-nos, também, esta mesma catequese preparatória, que a família participa do anúncio da Igreja, que este anúncio é necessário e, quando acolhido, provoca a conversão e a fé. Ordinariamente, não é possível a fé sem um anúncio explícito dos conteúdos revelados. Continua assim a catequese: “A família cristã, ‘Igreja Doméstica’, de modo privilegiado, participa desta missão. Enquanto a família é fonte de vida, ela é também a primeira e principal responsável pela transmissão do mistério de Deus Salvador aos filhos. Assim, os pais são para os filhos os autênticos anunciadores de sua fé”.
Recorda-me o fato de uma entrevista de João Paulo II, em que dizia ser aquele homem de oração – e como! – porque, todo o dia pela manhã, via o seu pai ajoelhado rezando. Os santos, via de regra, nascem de famílias orantes. Assim como os justos, os honestos, os amigos da verdade, os que são a favor da vida, os bons governantes, etc. Eu pergunto a você que é pai, que é mãe: “de que maneira seus filhos vão recordar de vocês?”
Ainda, a mesma catequese, nos exorta: “A recuperação de uma Igreja pujante e evangelizadora passa pela restauração da família como instituição básica para transmitir a fé”. “Família, torna-te aquilo que és” escreveu João Paulo II na Exortação Apostólica Familiaris Consortio, 17. É exatamente isto que nossas famílias precisam: resgatar sua verdadeira identidade e missão. Como diz o Catecismo da Igreja Católica, as famílias devem se redutos de vida cristã e lares de fé viva e irradiante, confira:
“Cristo quis nascer e crescer no seio da Sagrada Família José e Maria. A Igreja não é outra coisa senão a “família de Deus”. Desde suas origens, o núcleo da Igreja era em geral constituído por aqueles que, “com toda a sua casa”, se tomavam cristãos. Quando eles se convertiam, desejavam também que “toda a sua casa” fosse salva. Essas famílias que se tomavam cristãs eram redutos de vida cristã num mundo incrédulo. Em nossos dias, num mundo que se tornou estranho e até hostil à fé, as famílias cristãs são de importância primordial, como lares de fé viva e irradiante. Por isso, o Concílio Vaticano II chama a família, usando uma antiga expressão, de “Ecclesia domestica”. É no seio da família que os pais são ‘para os filhos, pela palavra e pelo exemplo… os primeiros mestres da fé’.” (CIC 1655-1656).
“Redutos de vida cristã e lares de fé viva e irradiante”. Nossas famílias e Comunidades devem ser verdadeiras “células de resistência cristã”, onde a fé é transmitida pela vida, pelo exemplo, pelo testemunho. Onde a fé é vivida no amor cristão e, de onde, a própria fé se irradia com força de atração, justamente porque é viva, capaz de “arrastar” outros para a mesma vivência. Resistir com a ajuda da graça de Deus, mesmo que sejamos uma minoria hoje que se preocupa em educar os filhos com os valores cristãos que são os únicos autênticos e verdadeiros. Resistir, mesmo quando a Verdade que nós acreditamos esteja desacreditada pela maioria; mesmo quando a mentira é, repetidas vezes, propagandeada como verdade, até mesmo, colocando os cristãos, mais fracos na fé, em dúvida. Resistir até o fim. Jesus nos diz no Evangelho de Mateus 24, 13: “aquele que perseverar até o fim será salvo”. E uma frase significativa de S. Pio de Pietralcina, que nos dá alento para perseverar e não desistir no caminho: “Sejam constantes e perseverantes. O prêmio é dado a quem termina e não a quem começa e depois para…”
Nossa responsabilidade como pais, na educação de nossos filhos, vai muito além de considerarmos que estamos educando alguém que é “exclusivamente” nosso. Ainda uma vez mais, recorro a João Paulo II, que nos fala de uma realidade maravilhosa: “Para além disso, a certeza de que o Senhor lhes confia o crescimento de um filho de Deus, de um irmão de Cristo, de um templo do Espírito Santo, de uma membro da Igreja, ajudará os pais cristãos no seu dever de reforçar na alma dos filhos o dom da graça divina.” (Familiaris Consortio, 39). Bonito é, ainda, nesta mesma citação do documento acima, ver como a Igreja nos mostra uma missão educativa, não só dos pais, mas da família como sendo um verdadeiro ministério: “…a missão educativa da família cristã como um verdadeiro ministério, através do qual é transmitido e irradiado o Evangelho, ao ponto de a mesma vida da família se tornar itinerário de fé e, em certo modo, iniciação cristã e escola para seguir a Cristo. Na família consciente de tal dom, como escreveu Paulo VI, ‘todos os membros evangelizam e são evangelizados’.”
Família evangelizada e evangelizadora tem o poder de ser fermento na massa, sal da terra e luz no mundo. Viva plenamente este seu direito/ dever, e seja feliz realizando o projeto de Deus em sua família.
Que a Sagrada Família de Nazaré, modelo de educação cristã e de todas as virtudes cristãs, abençoe sua missão educadora.
Italo J. P. Fasanella

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