domingo, 22 de novembro de 2009

NATAL EM FAMÍLIA




Acolher a Verdade ou a mentira?
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida.” (João 14,6).
Com esta palavra, Jesus estava indicando e afirmando ser ele mesmo o próprio caminho que conduz à verdade plena e absoluta e à vida. Em outro trecho do Evangelho de João, Jesus dá a conhecer o lado contrário da verdade durante uma discussão com os escribas e fariseus:
“Vós tendes como pai o demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele era homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.” (João 8,44).
Perceba que Jesus desmascara o demônio, que se esconde atrás da mentira. Precisamos renunciar a mentira em nossa vida e acolher a verdade. Renunciar ao demônio e suas propostas e acolher o plano salvador de nosso Deus. De quantas mentiras a sociedade se alimenta nesse tempo de preparação para o Natal?!
Constato há anos uma grande e esmagadora maioria de pessoas às vésperas de Natal, preocupadas com um milhão de coisas: comida; bebida (e muita!); preocupação com a decoração da casa, da mesa, do comércio, das ruas; preocupação com o que dar de presente para parentes, amigos (conhecidos e secretos) e até presente para inimigos!!! Concorrência para ver que faz a maior árvore de Natal; quem dá o melhor presente; a cidade mais iluminada, etc. Gente que, talvez durante todo o ano se negou a ajudar alguns pobres infelizes que lhes pedia uma moeda para matar a fome ou, gente que se negou a colaborar muitas vezes com nossas paróquias e comunidades com a desculpa do “não tenho condições” ou “lá vem ele falar de dinheiro de novo” mas, agora ao final do ano tem o suficiente, inclusive, para esbanjar com tantas futilidades. Diga-me se não são mentiras alimentadas e engordadas nesse período?!
É muito interessante ver que, no Natal – Nascimento de Jesus – acontece algo muito esquisito, contraditório e triste: esse é o único aniversário em que o próprio aniversariante não ganha presentes! Há tanta troca de presentes entre as pessoas que o aniversariante fica esquecido, Ou,… desconhecido ou ainda, não reconhecido?!
“Nele (o Verbo) havia vida e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas e as trevas não a compreenderam. O Verbo era a verdadeira Luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. Estava no mundo e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam.” (Jo 1,4-5.9-11).
“…Luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem”. Quanta treva; quanta escuridão. A humanidade escolhe viver no escuro a se abrir ao Menino Luz que nasceu no Natal. “…mas os seus não o receberam”. As portas de nossas casas e famílias estão escancaradamente abertas a uma figura bizarra e mentirosa e que é chamado de “Papai Noel”. Você pode pensar: mas e São Nicolau? São Nicolau é um santo católico que tem sua bela história de exemplo de caridade para com os pobres e necessitados e de amor a Deus. Já Papai Noel?!… Não dá mais para ficar colocando goela abaixo de nossas crianças a história do “bom velhinho” que, incentivado pelo comércio ateu, rouba a cena do Natal em detrimento dAquele que é o próprio Natal! No coração de um verdadeiro cristão não pode haver espaço para a mentira. Ou ficamos com a Verdade ou com a mentira! Ou se acolhe Jesus – Verdade ou, se deixa alojar no coração o demônio com uma de suas filhas prediletas: a mentira!
Infelizmente as portas e os corações estão abertos para “alguém” que não existe e completamente fechados para Jesus. Os pais ensinam as crianças a acreditar em Papai Noel e tem vergonha de falar de Jesus para elas! As criancinhas inocentes, coitadas, acreditam na existência do Papai Noel a ponto de se preocuparem o ano todo com o que vão ganhar dele; são incentivadas a lhe escrever cartinhas com seus pedidos, mas, não são incentivadas à oração que é a verdadeira carta que pode colocá-las em contato com Aquele que pode atendê-las e são impedidas de celebrar o único e verdadeiro sentido do Natal: J E S U S ! Aquele que já nos deu o maior de todos os presentes: a Salvação! Que situação paradoxal! Não se ensina a verdade por vergonha e perde-se completamente a vergonha para ensinar a mentira! “A luz resplandece nas trevas e as trevas não a compreenderam”.
Como é ridículo ver em muitas residências, o boneco de papai Noel numa escada pendurada nas paredes, mais parecendo um ladrão que sorrateiramente vai chegando. Jesus ao contrário, não precisa entrar escondido pela janela, chaminé ou qualquer coisa parecida. Ele entra pela porta da frente! Ele é o pastor de verdade. (cf. João 10).
Você que é pai, você que é mãe pode fazer acontecer o verdadeiro Natal em sua família. Se ainda não o fez, faça a experiência nesse Natal e você verá quantas tolices ocupavam o lugar de Jesus que é o nosso verdadeiro tesouro. Acolha a Verdade e dê um “chega prá lá” na mentira! “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e resgatou o seu povo, e suscitou-nos um poderoso Salvador…” (Lucas 1, 68-69).
Olhar para a Sagrada Família de Nazaré, Jesus, Maria e José, principais protagonistas do Natal, é voltar-se para a fonte da Luz que tanto nossas famílias necessitam. É espelhar-se na família que o próprio Deus escolheu para si. Espelhar-se nela é refletir sua luz para toda esta sociedade consumista e paganizada. É refletir sua beleza, seu amor, carinho, amizade, perdão, verdadeiros sentimentos de fraternidade e paz; sobretudo, a partir da própria célula familiar tão carente destes valores verdadeiramente positivos. Recordemos João Paulo II:
“… é na Sagrada Família, nesta originária Igreja doméstica, que todas as famílias devem espelhar-se… ela constitui, portanto, o protótipo e o exemplo de todas as famílias cristãs.” (Redemptoris Custos, 7 – João Paulo II).
Para isso acontecer é necessário esperar/preparar de maneira adequada a Solenidade do Natal do Senhor. Viver plenamente um tempo. Esperança viva d’Aquele que há de vir. Esse tempo é o Advento. Tempo propício em que a Igreja, como mãe, nos ajuda a colocar o coração em compasso de espera numa atitude expectante daquele e daquela que aguarda o nascimento de uma Vida Nova. Desejar e receber um “Feliz Natal” deveria e deve significar um compromisso de vida de alguém que, desejou e se preparou para fazer do seu coração uma manjedoura e, ali, acolher Jesus o Salvador com toda a sua mensagem, a sua Boa Nova e o novo estilo de vida que Ele mesmo veio inaugurar. Ou seja, comemorar o Natal vai além de uma festividade ou reunião fraterna em família, é um comprometer-se com a vida cristã, com um testemunho de vida coerente com a fé que se proclama.
Que este Natal seja também festa da família e da vida. Jesus veio através de uma família para salvar a família: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo tu e tua família” (Atos 31,16). Recentemente Bento XVI disse no V Encontro Mundial das Famílias – Valência-Espanha (2006): “A família é um bem necessário para os povos, um fundamento indispensável para a sociedade e um grande tesouro dos esposos durante toda a sua vida. É um bem insubstituível para os filhos, que hão de ser fruto do amor, da doação total e generosa dos pais. Proclamar a verdade integral da família, fundada no matrimônio, como Igreja doméstica e santuário da vida é uma grande responsabilidade de todos.”
É com esta responsabilidade que desejo a todos os que quiserem acolher o dono da festa, um FELIZ E SANTO NATAL!
Italo J. Passanezi Fasanella

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