domingo, 22 de novembro de 2009

FAMÍLIA: EVANGELHO VIVO!


Inicio esta matéria justificando o tema: alguém poderia objetar que há uma redundância ou concluir que o evangelho poderia ser “morto”! Eu explico: Como notarão, no decurso desta matéria mostrarei a necessidade de a família pautar sua vida nos valores do evangelho para o seu próprio bem e o bem da sociedade e da igreja. Portanto, sabedores de que o evangelho é vivo ele deve ser vida na vida da família.
“E vós vos fizestes imitadores nossos e do Senhor, ao receberdes a palavra, apesar das muitas tribulações, com a alegria do Espírito Santo, de sorte que vos tornastes modelo para todos os fiéis da Macedônia e da Acaia.” (I Tessalonicenses 1, 6s).
Por vezes pensamos que ser imitador corresponde a ações sem autenticidade, o que realmente pode ocorrer, porém, nem sempre. A criança quando começa aprender algo, começa por imitar os pais, um adulto ou até mesmo outra criança mais velha, não é assim em relação aos irmãos?! Pois bem, quando ela está tentando, por exemplo, imitar alguém andando, será que quando conseguir andar ela estará imitando ou andando de verdade? Alguém anda por imitação? Ou nada por imitação? Ou ainda dirige um automóvel por imitação?
Deixando de lado aquilo que possa ser negativo ou mesmo artístico na compreensão de ser imitador, observemos que S. Paulo fala em “imitadores nossos e do Senhor”, “nossos” se refere àqueles que imitam o Senhor, pois, quem não imita o Senhor não deve ser imitado! E logicamente, por conseqüência, imitadores do Senhor. E continua: “ao receberdes a palavra”, a Palavra viva que é Jesus: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1, 14); é por isso que o Evangelho é vivo, porque não se trata de letra morta e sim do Verbo encarnado, a Palavra de Deus encarnada, Jesus vivo e ressuscitado!
Portanto, hoje o mundo carece de pessoas, e eu diria principalmente, famílias que acolham Jesus Palavra Viva, que é capaz de transformar vidas e ainda famílias inteiras tornando-as modelo para todos os fiéis. As famílias, a sociedade e mesmo a Igreja necessitam de referenciais. Famílias fiéis que sejam referência de vida evangélica para outras, apesar das muitas tribulações, com a alegria do Espírito Santo. Ser referência é ser seta de indicação do caminho, do rumo certo a seguir, da maneira correta de agir, de ser e de educar. Aliás, a palavra educar que vem do latim educere significa trazer para fora, ou seja, há a necessidade de homens e mulheres que, reconhecendo o valor da vida, da família, do matrimônio, da religião, tragam para fora estes valores em si e em outras famílias. Famílias que sejam verdadeiras educadoras de família, que sejam modelo de família. A solução para a inversão e até a ausência de verdadeiros valores não está em querer, como muitos hoje no mundo – guiados pelo príncipe deste mundo – querem fazer: criar “outros” modelos de família, como se isso fosse possível. A família, tal qual a conhecemos desde o início, é uma instituição divina, por isso, em si mesma perfeita e imutável, justamente porque é instituição divina! A solução não está em mudar e sim em resgatar a identidade e a originalidade desta instituição: “Mas no princípio não foi assim…” (cf. Mateus 19, apontou Jesus às indagações dos fariseus que queriam justificar o divórcio. Assim querem fazer os “fariseus” do século XXI querendo pôr à prova os cristãos e a Igreja, como outrora colocaram Jesus e assim justificar uma vida desregrada, pecaminosa, libertina e permissiva. A resposta continua e continuará sendo a mesma: “no princípio não foi assim…”
“Família: torna-te aquilo que és” (Familiaris Consortio 17) gritou ao mundo inteiro João Paulo II mostrando o caminho para as famílias, o de encontrar sua verdadeira identidade e missão. Apesar das muitas tribulações…, mudam-se as épocas, os desafios, a cultura, o pensamento, etc. A lei de Deus, porém não muda! Ela é válida, tanto para o homem do povo de Moisés, quanto para o homem do primeiro século e para o homem do século XXI! Querer adaptar a lei ao modo de vida é um terrível engano. A lei de nosso Deus é uma lei de amor, feita por amor e para o amor e somente no amor de Deus seremos plenamente realizados e felizes (cf. CIC 27).
Em janeiro de 2003, no IV Encontro Mundial das Famílias, que se realizou nas Filipinas, João Paulo II em seu discurso disse: “Queridas famílias cristãs, anunciai com alegria ao mundo inteiro o tesouro maravilhoso de que sois portadoras enquanto igrejas domésticas! Esposos cristãos, na vossa comunhão de vida e amor, na vossa mútua entrega e no acolhimento generoso dos filhos, sede em Cristo luz do mundo! O Senhor pede-vos para serdes cada dia uma lâmpada que não fica escondida, mas é colocada ‘em cima do velador e assim alumia a todos os que estão em casa’ (Mt 5, 15)”. Esta alegria deve ser um dos principais fatores de nosso testemunho ao mundo. Somente pela alegria de ser e viver a família conforme o projeto original de Deus é que poderemos atrair outras famílias e inscrever em seus corações o desejo de viver assim também.
Apontar e viver como o modelo dos modelos de família é também nossa missão de testemunho: “…é na Sagrada Família, nesta originária ‘Igreja doméstica’, que todas as famílias devem espelhar-se… ela constitui, portanto, o protótipo e o exemplo de todas as famílias cristãs”. (João Paulo II – Redemptoris Custos – A figura e a missão de S. José, 7).
“Mas, enquanto o casal formado por Adão e Eva tinha sido a fonte do mal que inundou o mundo, o casal formado por José e Maria constitui o vértice, do qual se expande por toda a terra a santidade.” (idem). Deixo com estas citações um questionamento para as famílias e aqueles que vão constituir família refletirem: Vocês querem viver, espelhar-se e ser uma descendência de Adão e Eva ou descendência de José e Maria, sendo modelo educador de família, luz do mundo e sinal de santidade?… Esta resposta só pode ser dada com a vida!
Concluo com a finalização do discurso de João Paulo II no citado Encontro Mundial das Famílias, como forma de encorajamento para vivermos aquilo que precisamos viver enquanto família: Evangelho vivo!: “Concedo agora a todos a minha Bênção, que vos deixo com uma recomendação: com a ajuda de Deus, fazei do Evangelho a regra fundamental da vossa família, e da vossa família uma página do Evangelho escrita para o nosso tempo!”.
Italo J. Passanezi Fasanella

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