domingo, 22 de novembro de 2009

EDUCAR PARA AS VIRTUDES


O Concílio Vaticano II segundo declarou que: ´Porque deram vida aos filhos, contraem os pais o dever gravíssimo de educar a prole. Por isso, hão de considerar´se como seus primeiros e principais educadores. Essa tarefa educacional se revela de tanta importância, que onde quer que falhe dificilmente poderá ser suprida. É assim, dever dos pais criar um ambiente tal de família, animado pelo amor, pela dedicação a Deus e aos homens, que favoreça a completa educação pessoal e social dos filhos. A família é, pois, a primeira escola das virtudes sociais de que as sociedades têm necessidade´. (GE, 3) Para alguns educadores, educar é “criar bons hábitos”; isto é, desenvolver as virtudes e vencer os vícios. Ensinar os filhos a praticá´los até que os assimile em suas vidas. Repetindo os bons hábitos e boas maneiras, sem exageros, é claro, a criança vai se educando. E os pais são os instrumentos fundamentais nisso, juntamente com a escola. Como a escola hoje, deixa muito a desejar, cresce ainda mais a função dos pais nesta tarefa, sob pena da criança crescer sem educação. Neste sentido, alguns pontos são importantes.
As desordens e desorganizações
Um deles é não permitir que os filhos vivam uma vida desordenada. É preciso exigir que o quarto esteja arrumado, o armário em ordem, os livros bem cuidados e as coisas no lugar. E para isto será preciso paciência e perseverança dos pais. Nada adianta se impacientar, gritar ou desanimar. Aqui a maturidade dos pais deve superar a preguiça e imaturidade dos filhos. Educar um filho é uma bela e longa tarefa, que exige paciência. Um provérbio chinês diz: “Se os teus projetos são para um ano, semeia o grão. Se são para dez anos, planta uma árvore. Se são para cem anos, instrui o povo.” Mais até do que para cem anos, nossos projetos são para toda a vida, tanto terrena quanto eterna. Um adulto desorganizado, que não sabe arrumar a sua mesa de trabalho ou a sua oficina, perde tempo e eficiência; e, muitas vezes, por negligência e preguiça, pode até comprometer a vida dos outros. Imagine um médico cirurgião sem métodos e capricho. Imagine um dentista sem atenção e cuidado! Uma criança que se habitua a manter tudo fora do lugar, acaba desorganizando também a sua cabeça, os seus planos e a própria vida. Muitos adultos são pouco eficientes e produtivos porque falta´lhes “organização e métodos”, e esta conquista começa na infância. Os pais devem cobrar isto ainda que tenha que impor castigos, sem violência física ou moral. Alguém sintetizou em pequenas frases, uma maneira de ensinar as pessoas a serem organizadas, e que nos ajudam a educar os filhos; são Normas de Boa Educação “Você abriu, feche. Acendeu, apague. Ligou, desligue.Desarrumou, arrume. Sujou, limpe. Está usando algo, trate´o com carinho. Quebrou, conserte. Não sabe consertar, chame quem saiba. Para usar o que não lhe pertença, peça licença. Pediu emprestado, devolva´o. Não sabe como funciona, não mexa. É de graça, não desperdice. Não lhe diz respeito, não se intrometa. Não sabe fazer melhor, não critique. Não veio ajudar, não atrapalhe. Prometeu, cumpra. Ofendeu, peça perdão. Não lhe perguntaram, não dê palpite. Falou, assuma. Assim, viverás melhor.”
O desejo de aparecer
É forte nos adultos o desejo de aparecer. Mais ainda na criança é inato o desejo de se destacar e se sentir melhor do que os irmãos e os amigos. É o orgulho e a presunção presentes em cada ser humano desde o pecado original. Muitos querem ser “o bom” entre os demais. É comum ver os filhos “contar vantagens” para os amigos, sobre o carro do pai, o passeio “fantástico” das férias, a roupa última da moda que a mãe lhe comprou, etc… Este é um péssimo defeito que os pais precisam coibir para que os filhos não cultivem o orgulho. Ao invés disso é dever dos pais ensinar´lhes a ser humildes, discretos, não desprezar os outros e não se achar melhor do que os amigos.
Os problemas próprios da idade
Aprendi na educação dos nossos filhos, que muitos problemas da infância, especialmente os medos que a criança possui, são transitórios e passam com a idade. Diante de cada situação os pais devem manter a calma, e “estar ao lado do filho” nas suas horas de angústia. Basta a presença amiga e protetora do pai e da mãe para que a criança se sinta segura e supere os seus medos e fantasias, especialmente à noite. É importante nesta hora não menosprezar os sentimentos do filho, nem dizer´lhes que estão sendo fracos ou covardes. Leve´o a sério, respeite o seu sentimento, e fique com ele dando´lhe todo o apoio e carinho. Para ajudar a criança a superar os problemas próprios de cada idade, infância, adolescência, juventude, é preciso paciência, calma e perseverança por parte dos pais. Não se assuste com as reações e palavras, às vezes estranhas, que eles dizem. O mundo da criança é diferente do nosso. É preciso saber conduzir a criança com suavidade e prudência. Como dizia Constante Vigil, “os homens também são instrumentos musicais. Vibram de acordo com quem os toca.” Isto vale de modo especial para as crianças e jovens.
A educação sexual
Lamentavelmente a sociedade, secularizada, está confundindo educação sexual, com liberação sexual. As escolas estão dando aulas de anatomia sexual e ensinando aos jovens que não pode haver “tabus”, de ´origem religiosa´, sobre o comportamento sexual. O resultado é que os nossos jovens estão aprendendo, perigosamente, ´que tudo é válido´ em termos de vivência sexual, e que nada deve ser proibido. A consequência disso são as milhões de adolescentes grávidas, aos 13,14,15 anos, sem a mínima condição de constituir uma família e educar seu filho. Por causa desta imensa irresponsabilidade dos nossos “mestres”, cresce o número de casais de namorados que vivem a sexualidade como se fossem casais compromissados definitivamente. A verdadeira educação sexual consiste em ensinar aos jovens o lugar exato e maravilhoso da vida sexual; isto é, no casamento, e somente no casamento, onde o seu fruto, o filho, pode ser acolhido adequadamente num lar. Cabe aos pais ensinar aos filhos a beleza e a importância da castidade e da virgindade. Castidade significa viver o sexo apenas no casamento, nem antes e nem fora dele. Somente no casamento o sexo é lícito, porque somente aí há entre o casal um compromisso de vida para sempre. Os pais cristãos não podem incentivar nos filhos e filhas a provocação sexual, seja através de roupas “sexy”, seja pelas conversas, piadas sujas ou namoricos de crianças. Nunca é demais lembrar aos pais que “quem semeia ventos colhe tempestades”. Muitos, perigosamente, incentivam o instinto sexual dos filhos, e depois ficam surpresos quando a filha volta grávida para casa ou quando o filho engravida a namorada. Já basta a liberação sexual insana provocada pelos meios de comunicação. Os pais devem orientar os filhos sobre sexo no momento adequado, conforme as dúvidas forem surgindo. Não é preciso adiantar os ensinamentos sobre este assunto, antes que a criança esteja interessada nele. O importante é que os pais, em primeiro lugar, dêem o exemplo de pureza e de castidade, fidelidade e decência, para que os filhos desde pequenos comecem a entender que o sexo é matéria séria e que é preciso “não pecar contra a castidade”. É preciso ensinar aos jovens que o nosso corpo é templo do Espírito Santo que habita em nós, como São Paulo nos ensina. Ele chega a dizer que, quem destruir o templo sagrado de Deus, que somos nós, Deus o destruirá. “Não sabeis que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é sagrado – e isto sois vós” (1 Cor 3,16). “Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei então os membros de Cristo, e os farei membros de uma prostituta? De modo algum! Ou não sabeis que o que se ajunta a uma prostituta se torna um só corpo com ela? “ (1Cor 6,15´19). Essas palavras mostram a seriedade da questão sexual. Para São Paulo, a gravidade do pecado da impureza está no fato de “manchar o Corpo de Cristo”, já que, pelo Batismo, somos membros do Seu Corpo. Isto precisa ser ensinado aos filhos para que eles sejam de fato cristãos. Para o mundo, onde nossos filhos vivem (escola, TV, clubes, jornais, etc) esta realidade transcendental e cristã não existe; e portanto, educação sexual significa apenas “sexo seguro”; isto é, sem riscos de contaminação de AIDS e outras doenças venéreas, ou gravidez fora da hora. Alguns pais e mães, lamentavelmente, são os primeiros a entregar as pílulas anticoncepcionais para as filhas, e ´camisinhas´ para os filhos, achando que com isto tudo está resolvido. Nesta lógica e nesta ética, o sexo perde todo o seu sentido dentro do plano de Deus, que o quis somente para o casal que assumiu, para sempre, um com o outro, um compromisso de vida e de fidelidade; e, portanto, preparados para receber os filhos, gerados na expressão do seu amor recíproco. O chamado “amor livre”, que na verdade é “sexo livre”, sem responsabilidade e sem maturidade, é hoje uma praga no meio da juventude. Os pais cristãos precisam, portanto, com o seu exemplo e com suas palavras, incutir nos filhos a beleza e a grandeza da castidade e da virgindade. Será preciso muita convicção para criar neles esta mentalidade, pois, a todo instante o mundo vai dizer´lhes o contrário. Estou convencido de que, mais do que em outros assuntos, o exemplo dos pais é fundamental. Nunca permitir as piadas sujas, nunca permitir que revistas e filmes pornográficos entrem em casa, etc. Não tenho dúvida em dizer que neste assunto os pais cristãos devem ser firmes. Qualquer vacilada pode abrir as portas para um comportamento perigoso por parte dos filhos. Quando fala da educação sexual, assim se expressa o Papa João Paulo II: ´A educação sexual, direito e dever fundamental dos pais, deve fazer´se sempre sob a sua solícita guia, quer em casa quer nos centros educativos escolhidos… Neste contexto é absolutamente irrenunciável a ´educação para a castidade´ como virtude que desenvolve a autêntica maturidade da pessoa e a torna capaz de respeitar e promover o ´significado nupcial´ do corpo.´ ´Por isso a Igreja opõe´se firmemente a uma certa forma de informação sexual, desligada dos princípios morais, tão difundida, que não é senão a introdução à experiência do prazer e um estímulo que leva à perda ´ ainda nos anos da infância ´ da serenidade, abrindo as portas ao vício´ (FC, 37). ´O conhecimento deve conduzir a educação para o autocontrole: daqui a absoluta necessidade da castidade e da permanente educação para ela. Segundo a visão cristã, a castidade não significa de modo algum nem a recusa nem a falta de estima pela sexualidade humana: ela significa antes a energia espiritual que sabe defender o amor dos perigos do egoísmo e da agressividade e sabe voltá´lo para a sua plena realização.´ (FC, 33) Jesus foi radical quanto à castidade: “Eu, porém, vos digo: todo aquele que olhar para uma mulher com desejo libidinoso, já cometeu adultério com ela no coração” (Mt 5,27´28). Veja, a questão é tão séria, que Jesus quer matar o mal na raíz, isto é, nos pensamentos, pois, os nossos atos são realizações dos nossos desejos e pensamentos. Ghandi, que não era católico e nem cristão, mas era um grande homem, que deu uma grande lição ao mundo todo ao libertar a India pela força da não violência, dizia que “um homem entregue aos prazeres perde o seu vigor, torna´se frágil e vive cheio de medo. A mente daquele que segue as paixões baixas é incapaz de qualquer grande esforço. Subjugar as manhosas paixões é, a meu ver, uma tarefa infinitamente mais difícil que a conquista material do mundo pela força das armas.” Neste sentido, a nossa civilização está cometendo um crime com a juventude. Libera´se o sexo, sem qualquer sentido e responsabilidade, e depois se desespera com as milhões de adolescentes grávidas, com os milhares de estupros, e toda sorte de mazelas. Ora, quem planta ventos colhe tempestades. Uma sociedade que não sabe oferecer aos seus jovens outra alternativa para vencer a AIDS, senão o uso da “camisinha”, é uma pobre sociedade em franca decadência moral. A moral e a ética exigem ensinar aos jovens o auto controle de suas paixões, vencer a AIDS pela castidade, e não pelo uso vergonhoso da “camisinha”, que incentiva ainda mais a imoralidade. O Papa João Paulo II assim se expressou sobre a camisinha: ´Além de que o uso de preservativos não é 100% seguro, liberar o seu uso convida a um comportamento sexual incompatível com a dignidade humana… O uso da chamada camisinha acaba estimulando, queiramos ou não, uma prática desenfreada do sexo… O preservativo oferece uma falsa idéia de segurança e não preserva o fundamental´ (PR, nº 429/1998, pag.80). A Organização Mundial da Saúde (OMS) já avisou que os preservativos não impedem totalmente a contaminação do virus, uma vez que esses são muitíssimos menores que os poros do látex de que são feitas as camisinhas. A revista Seleções ( dezembro de 1991, pp.31´33), trouxe um artigo do Dr. Robert C. Noble, condensado de Newsweek de Nova Iorque (1/4/91), que mostra como é ilusória a crença no tal ´sexo seguro´ com a camisinha. A pesquisadora Dra. Susan C. Weller, no artigo A Meta´Analysis of Condom Effectiveness in Reducing Sexually Transmitted HIV, publicado na revista Social Science and Medicine, (1993, vol.36, issue 12, pp.1635´1644), afirma: ´Presta desserviço à população quem estimula a crença de que o condom (camisinha) evitará a transmissào sexual do HIV. O condom não elimina o risco da transmissão sexual; na verdade só pode diminuir um tanto o risco´. ´As pesquisas indicam que o condom é 87% eficiente na prevenção da gravidez. Quanto aos estudos da transmissão do HIV, indicam que o condom diminui o risco de infecção pelo HIV aproximadamente em 69%, o que é bem menos do que o que normalmente se supõe´ (PR, n° 409/1996, pp. 267´274). O Dr. Leopoldo Salmaso, médico epidemiologista no Hospital de Pádua, na Itália, afirma que: ´O preservativo pode retardar o contágio, mas não acabar com ele´(idem) . A Rubber Chemistry
Technology, Washington, D.C., junho de 1992, afirma que: ´Todos os preservativos têm poros 50 a 500 vezes maiores que o virus da AIDS´. Vemos, portanto, que é irresponsável dizer que a camisinha garante o ´sexo seguro´. O pior, ainda, é que esta falsidade vem acompanhada de um estímulo ao sexo livre e sem responsabilidade e compromisso, promíscuo, vulgar. A Igreja não está impedindo o combate à AIDS, pelo fato de não concordar com o uso da camisinha. Como disse o padre Lino Ciccone, professor de Teologia Moral e Bioética na Faculdade Teológica de Lugano: ´Não se faça caridade jamais às custas da verdade, nem se imponha a verdade voltando as costas à caridade´. Também sobre o homossexualismo, hoje tão defendido por muitos, a condenação da Bíblia e da Igreja é expressa. “Não te deitarás com um homem como se fosse uma mulher: isto é uma abominação” (Lev 18,22). “Se um homem dormir com outro homem, como se fosse mulher, ambos cometeram uma coisa abominável” (Lev 20,13). São palavras claras, pelas quais Deus classifica a prática do homossexualismo como uma abominação. Deus ama o pecador, mas abomina o pecado. Quando, em 1994, no Ano da Família, o Parlamento Europeu, tristemente, reconheceu a validade jurídica dos matrimônios entre homossexuais, até admitindo a adoção de crianças por eles, o Papa João Paulo II, tomou posição imediata: “Não é moralmente admissível a aprovação jurídica da prática homossexual. Ser compreensivos para com quem peca, e para com quem não é capaz de libertar´se desta tendência, não significa abdicar das exigências da norma moral… Não há dúvida de que estamos diante de uma grande e terrível tentação” (20/02/94). O Catecismo da Igreja, embora reconheça que a gênese do homossexualismo é ainda um tanto desconhecida, no entanto é claro na condenação dos ´atos de homossexualidade´: “Apoiando´se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves (Gn 19,1´20; 1 Tm 1,10), a tradição sempre declarou que “os atos de homossexualidade” são intrinsecamente desordenados. São contrários à lei natural” (nº 2357). Portanto, neste assunto, os pais precisam tomar cuidado para que o filho firme´se na sua sexualidade própria. Não permitir que o menino fique com procedimentos de menina e vice´versa. Nota´se que a falta de um bom pai ou de uma boa mãe, como padrões, pode gerar nos filhos distúrbios de sexualidade. O desmoronamento familiar também é a causa do aumento de jovens homossexuais. Sobre a masturbação, defendida por muitos como “algo normal”, ensina a Igreja que é um ato desordenado: “Na linha de uma tradição constante, tanto o magistério da Igreja como o senso moral dos fiéis afirmam sem hesitação que a masturbação é um ato intrínseco e gravemente desordenado” (nº 2352). Enfim, diz o Catecismo: “Qualquer que seja o motivo, o uso deliberado da faculdade sexual fora das relações conjugais normais contradiz sua finalidade” (idem). Neste campo os pais precisam ser cautelosos, especialmente com os meninos. Sabemos que, para muitos deles, a masturbação acaba se tornado até um vício. Em segundo lugar, não fazer uma tempestade porque descobriu que o filho ou a filha tem este mau hábito. Na maioria das vezes o jovem se masturba porque a sua cabeça está cheia de fantasias sexuais. Portanto, há que se mostrar a eles que sem uma castidade de pensamentos, jamais haverá castidade de atos. É preciso mostrar´lhes que enquanto se derem ao mau hábito de ver revistas e filmes pornográficos e outras práticas dessa natureza, jamais serão castos. Os pais devem proibir terminantemente que qualquer material pornográfico entre no lar cristão, e devem ajudá´los a vencer as fraquezas da carne, com a oração, confissão, eucaristia, os esportes e uma vida saudável. O mundo, por causa da AIDS, redescobre o grande valor da castidade e da virgindade. Para dar apenas um exemplo dessa “contra´revolução sexual”, cito o caso de milhares de jovens americanas, de 13 a 21 anos, do movimento True Love Waits (O Verdadeiro Amor Espera), lançado em 1994 na cidade de Baltimore, capital do estado de Maryland, Estados Unidos, as quais prometeram, por escrito, manter´se virgens até o dia do casamento. O pacto que assumiram diz o seguinte: “Acreditando que o verdadeiro amor espera, eu me comprometo diante de Deus, de mim mesma, minha família, meu namorado, meu futuro companheiro e meus futuros filhos a ser sexualmente pura até o dia em que entrar numa relação de casamento” (Jornal do Brasil, Ana Maria Mandin, 12/03/94). É relevante observar, o que disse Chip Alkford, um dos líderes do movimento: “Nunca pensamos que os jovens se interessariam tanto numa época em que a sociedade estimula a iniciação sexual cada vez mais cedo e quem não segue a onda é considerado esquisito”. (idem) Este exemplo não é único, e mostra o renascer da castidade. Quando o Papa João Paulo II esteve nas Filipinas, em janeiro de 1995, houve uma concentração de 4 milhões de pessoas para participar da missa que ele celebrou em Manilha; nesta ocasião um grupo de cinqüenta mil jovens entregou ao Papa um abaixo assinado se comprometendo a viver a castidade. Ela é a virtude que mais forma homens e mulheres de verdade, de acordo com o desejo de Deus, e os prepara para constituir famílias sólidas, indissolúveis e férteis. É preciso portanto, que os pais cristãos, tenham coerência e coragem para transmitir aos filhos esses valores, que são divinos e eternos. O remédio principal que a nossa sociedade doente precisa é de uma escala de valores condizente com a dignidade humana, sob pena de nos igualarmos aos animais. O homem não é apenas um corpo; tem uma alma imortal, criada para viver para sempre na glória de Deus. Isto dá um novo sentido à vida. Não fomos criados para nos contentarmos apenas com o prazer sexual passageiro. Fomos feitos para o Infinito, e só em Deus satisfaremos plenamente as nossas tendências naturais. Já é hora de voltarmos a falar aos jovens, corajosamente, sobre a importância da castidade e da virgindade. Também nós católicos estivemos muito tempo ´encolhidos´ com medo de um mundo pagão que ri da castidade e da pureza da alma. A família cristã, diante deste mundo paganizado, é chamada a dar testemunho dessas verdades.
A televisão
É tão forte a influência da TV dentro da família que até a disposição dos móveis da sala mudou; estão todas as poltronas voltadas para a telinha eletrônica. Ela passou a ser o ponto mais importante da sala, não é verdade? Como todas as invenções da técnica, a televisão tem o seu lado bom e o seu lado mau. Cabe a nós saber usá´la. O que importa, portanto, aos pais, é disciplinar o seu uso por parte dos filhos. Os programas inconvenientes devem ser evitados e os bons incentivados. É tão variada a programação da TV hoje, que não é difícil achar bons programas culturais e religiosos. As TV’s católicas (Canção Nova, Rede Vida) começam a surgir. Sobretudo os pais devem proibir os programas e filmes que exploram o sexo e a violência. Não temos dúvida que a TV exerce hoje uma verdadeira “pregação sistemática de anti´valores cristãos”, e os pais precisam estar atentos para mostrar aos filhos o perigo desses falsos valores. Sabemos que o mundo dos artistas domina a TV e suas programações (shows, novelas, entrevistas, entretenimentos), e este ambiente é avesso aos sentimentos cristãos de pureza, castidade, humildade, temperança, perdão, austeridade, etc. Sem dúvida é alto o nível de imoralidade e permissividade entre os artistas, e tudo isto se reflete na TV. A cada dia agrava´se mais a corrupção dos costumes e valores cristãos na TV; isto exige dos pais maior vigilância. Sobretudo é necessário conversar com os filhos sobre os embustes da TV, especialmente nos comerciais. É preciso despertar o senso crítico dos filhos para que eles não aceitem passivamente tudo que vêem na tela. Os comerciais têm o objetivo de vender, a qualquer custo, os produtos anunciados; e para isto, invertem a escala moral de valores. Os pais precisam então estar atentos para que os filhos não sejam dominados pelo consumismo fomentado pela TV, que leva as pessoas, muitas vezes, a comprar, o que não precisam, com dinheiro, às vezes, emprestado. Certa vez foi ao ar o comercial de um desodorante. Nele aparecia uma moça que recebia o pedido de um jovem para namorá´la. A razão irresistível é que ela usava o tal desodorante. Ora, será que basta isto para que uma moça tenha um bom namorado? Mas, a maneira como a coisa é apresentada, dentro de um belo cenário, com um linda jovem, um belo rapaz, música atraente, etc., faz com que muitos tele´espectadores acabem enganados, achando que de fato aquele desodorante pode mudar´lhes a vida. Outro comercial mostrava uma moça fazendo ginástica, o que é saudável; enquanto surgia outra, bastante ´esbelta´, tomando sorvete e dizendo para a que fazia ginástica: ´ora, faça como eu, tome ´sbelt´ e tudo fica muito mais fácil.´ Veja a nítida inversão de valores nestes dois casos. É preciso, então, abrir os olhos dos filhos; ensinar´lhes o senso crítico, para ´não engolir nada sem mastigar´. O propagandista de Hitler, Goebels, dizia: ´mintam, mintam, sempre fica alguma coisa´. Parece que a lógica perversa de alguns comerciais é transformar, homeopaticamente, a mentira em verdade. Em duas oportunidades, 13/01/93 e 27/01/93, o Cardeal Primaz do Brasil, D. Lucas Moreira Neves, Arcebispo de Salvador (BA), publicou no JORNAL DO BRASIL, dois importantes artigos sobre a televisão brasileira. No primeiro, cujo título é J´ACCUSE! (Eu acuso), o Cardeal afirma: “Eu acuso a TV brasileira pelos seus muitos delitos. Acuso´a de atentar contra o que há de mais sagrado, como seja, a vida…” “Acuso´a de disseminar, em programas variados, idéias, crenças, práticas e ritos ligados a cultos os mais estranhos. Ela se torna, deste modo, veículo para a difusão da magia, inclusive magia negra, satanismo, rituais nocivos ao equilíbrio psíquico.” “Acuso a TV brasileira de destilar em sua programação e instalar nos telespectadores, inclusive jovens e adolescentes, uma concepção totalmente aética da vida: triunfo da esperteza, do furto, do ganho fácil, do estelionato. Neste sentido merece uma análise à parte as telenovelas brasileiras sob o ponto de vista psico´social, moral, religioso… Qual foi a novela que propôs ideais nobres de serviço ao próximo e de construção de uma comunidade melhor? Em lugar disso, as telenovelas oferecem à população empobrecida, como modelo e ideal, as aventuras de uma burguesia em decomposição, mas de algum modo atraente”. “Acuso, enfim, a TV brasileira de instigar à violência: A TV brasileira terá de procurar dentro de si as causas da violência que ela desencadeou e de que foi vítima… Quem matou, há dias, uma jovem atriz ? [referência a Daniela Perez]. Seria ingenuidade não indicar e não mandar ao banco dos réus uma co´autora do assassinato: a TV brasileira. A própria novela “De Corpo e Alma”. No segundo artigo, de 27/01/93, sob o título de “Resistir, Quem Há de? o Cardeal primaz do Brasil afirma: “Opino que a Família deve estar na linha de frente de resistência: os pais, os filhos, os parentes, os agregados ´ toda a constelação familiar. Ela é a primeira vítima, torpemente agredida dentro da própria casa; deve ser também a primeira a resistir. É ela quem dá IBOPE, deve ser também quem o negue, à custa de fazer greve ou jejum de TV. Cabe, pois, às famílias, “formar a consciência crítica” de todos os seus membros frente à televisão; velar sobre as crianças e os adolescentes com relação a certos programas; mandar cartas de protesto aos donos de televisão; chamar a atenção dos anunciantes, declarando a decisão de não comprar produtos que financiam programas imorais ou que servem de peças publicitárias ofensivas ao pudor, exigir programas sadios e sabotar os mórbidos para que não se diga que o público quer uma TV licenciosa, violenta e deseducativa”.
Os defeitos dos pais
O conhecido educador francês André Berge afirma no seu livro Os Defeitos dos Filhos, que “os defeitos dos filhos são filhos dos defeitos dos pais”. Se, portanto, os nossos defeitos geram os defeitos dos nossos filhos, temos que nos policiar naquilo que em nós não está correto. Pais nervosos e ansiosos muitas vezes transmitem aos filhos esses desequilíbrios, que os farão sofrer. Se de um lado, é difícil controlar as emoções e sentimentos, por outro lado, temos que nos conter diante dos filhos, para que nosso desespero não lhes causem danos. Precisamos buscar em Deus e na oração, a ajuda para superar as tensões dos momentos difíceis na vida familiar. É preciso, como disse São Paulo, “viver pela fé” (Rm 1,17; Hb 10,38), certos de que Deus cuida de nós e que “tudo concorre para o bem dos que o amam ” (Rom 8,28). A família cristã precisa habituar´se a buscar em Deus, com fé e esperança, a solução dos seus problemas. “Tudo posso naquele que me dá forças” (Fil. 4,3). “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rom 8,31). Na certeza de que Deus tudo vê, sabe e cuida, os pais devem vencer os nervosismos e descontroles emocionais que afetam os filhos. Jesus garantiu´nos que “até os cabelos de nossa cabeça estão contados” (Mt 10,30), e que nenhum deles cai por terra sem a permissão de Deus. São Pedro nos ensina a colocar todas as preocupações em Deus, que é bom Pai, e que nos uniu pelo matrimônio: “Lançai sobre Ele as vossas preocupações porque Ele tem cuidado de vós” (1 Pe 5,7). É a nossa fé que “vence o mundo” garante São João, e esta fé, para ser transmitida aos filhos deve ser vivida no lar, especialmente nas horas difíceis. É ela que afasta o medo e o pânico, tão prejudiciais para a família. Um lar alegre São Paulo diz aos tessalonicenses : “Alegrai´vos sempre no Senhor, repito alegrai´vos …” (1 Ts 5,16). A alegria é algo fundamental para a vida humana e, especialmente para o equilíbrio do lar. São Francisco de Sales, doutor da Igreja, ensinava que “um santo triste é um triste santo”. “Não entregues tua alma à tristeza, não atormentes a ti mesmo em teus pensamentos. A alegria do coração é a vida do homem … Afasta a tristeza para longe de ti” (Eclo 30, 22s). A alegria deve ser cultivada no lar; ela é o melhor oxigênio para o crescimento tranqüilo dos filhos. E esta alegria vem de Deus. “Alegrai´vos no Senhor”. Portanto, toda queixa, murmuração, reclamações, azedume e mau´humor, devem ser evitados para que o ambiente do lar não fique tenso e carregado. Certa vez assisti uma palestra sobre a prevenção às drogas, no Colégio de nossos filhos. Era um investigador de policia, que dava combate ao narcotráfico, que proferiu a aula. Ao terminá´la, concluiu dizendo aos pais alí presentes que a principal razão pela qual os filhos tantas vezes iniciam´se nas drogas, é a falta de carinho e amor dos pais e, sobretudo, por não encontrar no lar um local agradável para viver. Muitos lares, por causa das brigas e conflitos, tornam´se verdadeiros infernos onde o filho não suporta viver, buscando, então, refúgio na rua, onde tantas vezes o traficante está à sua espera, de braços abertos, para oferecer o “consolo” que ele não encontrou em casa. Isto é muito sério. Fiquei muito impressionado com a colocação daquele investigador, sobretudo por não se tratar de um padre, psicólogo, médico ou professor, mas de um policial. Os nossos filhos não podem ser “expulsos” do lar por causa dos seus conflitos internos. O lar deve ser um ninho de amor onde os filhos gostem de estar, inclusive com os seus amigos. Eles têm este direito; pois o lar é deles. É claro que as normas de boas convivências devem ser respeitadas. Só Jesus pode dar à família a paz que ela precisa. Sem viver os seus mandamentos e sem o auxílio da sua graça, isso será impossível. “Vinde a mim vós todos que estais cansados e sobrecarregados e Eu vos aliviarei. Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração. O meu jugo é suave e meu fardo é leve” (Mt 11,28). É dando graças a Deus, em todas as circunstâncias da vida que lhe demonstramos a nossa fé e vencemos todos os problemas. Ele está vendo tudo o que se passa no lar, e tem um desígnio de salvação em cada acontecimento. “Em todas as circunstâncias dai graças, pois esta é a vontade de Deus a vosso respeito em Cristo Jesus” (1 Tes 5,17). Note que o Apóstolo manda dar graças “em todas as circunstâncias”, e não apenas quando tudo vai bem. Dar graças a Deus por tudo, todas as horas, é o meio de, na fé, vencer todas as dificuldades e permanecer em paz no meio das adversidades.
Educação integral
A educação dos filhos deve que ser integral e atingir todas as dimensões do ser humano. No ponto mais alto da nossa escala de valores está o espírito, a vida espiritual, onde o homem se encontra como “filho de Deus”, criado por Ele e para Ele. Sem a educação para a fé, toda a formação da pessoa fica comprometida. E a Igreja não se cansa de repetir em seus documentos, que “os pais são os primeiros catequistas dos filhos”. Será difícil levar alguém para Deus, se isto não for feito, em primeiro lugar, pelos pais. Quando fala aos pais sobre a educação dos filhos, São Paulo recomenda: “Pais, não exaspereis os vossos filhos. Pelo contrário, criai´os na educação e na doutrina do Senhor” (Ef 6, 4). Aqui está uma orientação muito segura para os pais. Sem a “doutrina do Senhor”, não será possível educar. Dom Bosco, grande pai e mestre da juventude, ensinava que não é possível educar os jovens sem a religião. Seu método seguro de educar, estava na trilogia: amor ´ estudo ´ religião. Em Puebla, no III CELAM, os nossos bispos disseram: “Quando a Igreja evangeliza e consegue a conversão do homem, também o educa, pois a salvação (dom divino e gratuito), longe de desumanizar o homem, o aperfeiçoa e enobrece; faz com que cresça em humanidade (n.1013). E o documento de Santo Domingo (IV CELAM) diz: “Eduquemos os cristãos para ver Deus em sua própria pessoa, na natureza, na história global, no trabalho, na cultura, em todo o secular, descobrindo a harmonia que , no plano de Deus, deve haver entre a ordem da criação e a ordem da redenção”(n. 156). É no colo do pai e da mãe, principalmente da mãe, que o filho se torna religioso. Nunca esqueci o Terço que aprendi a rezar aos cinco anos de idade, no colo de minha mãe. Pobre filho que não tiver uma mãe que lhe ensine a rezar! Por isso, os pais não devem apenas mandar os seus filhos à igreja, mas, deve levá´los à igreja. É vendo o pai e a mãe se ajoelharem, que um filho se torna religioso; mais do que ouvindo muitos sermões. Alguém disse um dia, que “quando Deus tem seu altar no coração da mãe, a casa toda se transforma em um templo.” Um aspecto importante da educação religiosa de nossos filhos está ligada com a escola. Como a maioria do povo brasileiro é católica (83%), e é esta maioria que paga impostos, que mantém as escolas e paga os professores, logo, esta maioria católica tem o direito de exigir que o Estado mantenha nas escolas o ensino religioso de boa qualidade e pague os professores de religião. Esta é um exigência justa e necessária que precisamos fazer cumprir para que as nossas escolas não se tornem pagãs. Chega de professores revoltados com a fé, com a religião, com a Igreja e com Deus, e que vivem ´derramando a sua bílis´ amarga contra o que é sagrado, sobre os nossos filhos, nas salas de aulas. A maioria católica do Brasil não pode se omitir na defesa e manuntenção dos princípios cristãos em nossas leis. É lamentável ensinarmos coisas boas aos nossos filhos, se a escola ensinar´lhes o contrário; por isso os pais cristãos precisam exercer a vigilância sobre aquilo que os seus filhos aprendem na escola. Recentemente, na Rede de Ensino Oficial do Estado, foi distribuído aos alunos uma “cartilha” sobre educação sexual, que, na verdade, nada tem de educação sexual, mas sim de liberação sexual em todos os sentidos, inclusive em termos de homossexualidade, lesbianismo, etc. Os pais precisam saber dessas coisas e saber reclamar com todo o direito e veemência. O Concílio Vaticano II falou bem claro sobre esta questão: “Violam´se os direitos dos pais no caso de os filhos serem obrigados a assistir a aulas que não correspondam às convicções religiosas de seus pais ou no caso de se impor um único sistema de educação do qual se exclua de todo a formação religiosa. (DH, 5) Como cidadãos temos o direito e o dever de exigir que as nossas escolas sejam religiosas. Mas isto só acontecerá se não cruzarmos os braços. Certa vez o Papa Leão XIII disse que: “A audácia dos maus se alimenta da covardia dos bons”. Abaixo da vida espiritual está a racional, intelectual. Os pais devem fomentar o seu desenvolvimento pela escola e pelos estudos, mas não simplesmente para que os fiilhos possam “ser alguém na vida”, ou exercer uma profissão que lhes garanta bom emprego e muito dinheiro. Com facilidade os pais transmitem essa mentalidade aos filhos, e isto desvirtua o sentido da ciência, da profissão e do trabalho. O grande educador Malba Tahan, dizia que “cultivar a ciência só pela utilidade imediata é desvirtuar o sentido da própria ciência”. Não há oposição entre a ciência e a fé, pelo simples fato de que ambas foram criadas pelo mesmo Deus. Uma ajuda a outra, como se fossem irmãs que se auxiliam. Sem a ciência a fé muitas vezes cai no fanatismo sentimentalista, e se torna perigosa; sem a fé, a ciência pode se tornar ameaçadora para o próprio homem. Não podemos nos esquecer que dentro do Vaticano existe uma Pontifícia Academia das Ciências. Lorde Bacon afirmou certa vez que: “uma filosofia superficial inclina o pensamento do homem para o ateísmo, mas uma filosofia profunda conduz as mentes humanas à religião.´ O grande físico francês, Blaise Pascal, profundamente cristão, também dizia que “a pouca ciência pode afastar de Deus, mas a pura ciência faz´me chegar a Ele.´Não é à toa que os seminaristas estudam três anos de Filosofia! Machado de Assis garantia que “a verdadeira ciência não é enfeite, mas nutrição”. Nesta linha, o Marquês de Maricá dizia que: “ Uma boa leitura dispensa com grandes vantagens a companhia de pessoas frívolas”. Devemos ensinar aos filhos que, na visão cristã, o trabalho e a profissão, visam, em primeiro lugar, o aperfeiçoamento da própria pessoa e a construção do mundo no serviço aos irmãos. Como retribuição recebemos o pagamento justo que garante o nosso sustento. É imperioso mostrar aos filhos que o valor de uma vida está no “servir”, e que o trabalho é a maneira habitual de ser útil. Os pais devem iniciar os filhos no exercício do trabalho responsável. Uma pessoa ociosa está aberta ao vício e à desordem. O sentido da responsabilidade deve ser desenvolvido pelos pais desde cedo, seja nos estudos, no trabalho doméstico e nos trabalhos da família. É importante levar os filhos a cultivarem o “ser” muito além do “ter”. Uma pessoa tem valor pelo que ela é, e não pelo que tem; mas o mundo, de mil maneiras, a todo instante, ensinará o contrário aos nossos filhos. Sobretudo os pais têm o grave dever de “educar para o amor”, ensinando aos filhos a beleza do serviço desinteressado aos que precisam de ajuda. A raiz do egoísmo deve ser combatida desde a tenra idade para que o jovem não se torne um adulto fechado sobre os seus próprios interesses, egocêntrico e individualista. A grandeza do homem está no fato dele ser “filho de Deus”, irmão de Jesus Cristo e de todos os homens, e senhor do mundo criado. Santo Irineu († 202) dizia que “a glória de Deus é o homem vivo”. É portanto a grande manifestação da glória de Deus, confiado aos pais para desenvolver os seus talentos. Aos filhos deve ser ensinado aproveitar bem o tempo e não desperdiçá´lo nunca. Muitos jovens jogam fora boa parte de suas vidas na ociosidade. São João Bosco alertava que “mente vazia é oficina do diabo”, e não deixava seus jovens sem atividades. Uma atenção especial deve ser dada no sentido de evitar que os filhos cultivem a preguiça. Após o pecado original, Deus fez do trabalho uma terapia para a redenção do homem: “Comerás o teu pão com o suor do teu rosto até que voltes à terra de onde foste tirado” (Gen 3,19). O trabalho, longe de ser um castigo imposto ao homem, foi um “remédio” para as más inclinações da preguiça. Os amargos frutos desse pecado capital são muitos: desobediência aos pais, fracasso nos estudos, desordens em casa, não cumprimento dos deveres, etc. É também na infância que os pais devem tirar as raízes da preguiça da alma da criança. Não podemos deixar que os nossos filhos cresçam com a mentalidade nada cristã de que o trabalho deve ser evitado. Jesus trabalhou até os trinta anos, como carpinteiro, para nos dar o exemplo da dignidade e importância do trabalho. É através dele que cooperamos com Deus na obra da criação, e com ele prestamos a caridade rotineira. São Bento resumiu a vida do monge no “ora et labora”(reza e trabalha). Falando certa vez sobre a vida oculta de Jesus, em Nazaré, durante a célebre viagem que fez à Terra Santa, o Papa Paulo VI, disse: “Uma lição de trabalho. Nazaré, ó casa do ‘Filho do Carpinteiro’, é aqui que gostaríamos de compreender e celebrar a lei severa e redentora do trabalho humano…” (05/01/74).
O nosso Catecismo ensina que :
“O trabalho é pois um dever: ‘Quem não trabalhar , também não há de comer’(2Ts3,10). O trabalho honra os dons do Criador e os talentos recebidos. Suportando a pena do trabalho, unido a Jesus, o artesão de Nazaré e o crucificado do Calvário, o homem colabora de certa maneira com o Filho de Deus na sua obra redentora. Mostra´se discípulo de Cristo carregando a cruz de cada dia, na atividade que está chamado a realizar. O trabalho pode ser um meio de santificação e uma animação das realidades terrestres no Espírito de Cristo” (CIC, 2427). Esse ensinamento da Igreja mostra bem o valor sobrenatural do trabalho do homem; e portanto, diz aos pais o quanto é importante introduzir os filhos no mundo do trabalho com uma correta mentalidade que lhes acompanhe a vida toda. O mundo da oficina deve ser tão sagrado quanto o seio da igreja onde entramos para celebrar o Santo Sacrifício. Não podemos dividir a nossa vida numa parte profana e outra religiosa; o mesmo Deus é o autor da fé e do trabalho, e quer, que através de ambos cheguemos à santidade. São Domingos Sávio, modelo de santidade jovem, dizia que ser santo “é cumprir bem os deveres e ser alegre”. Que receita simples, nascida no coração de uma criança santa! Nós leigos somos chamados a santificar o mundo através do trabalho. Um mau trabalhador, preguiçoso, negligente, displicente, é também um mau cristão. Temos que ensinar aos nossos filhos que o trabalho não deve ser bem realizado só quando o patrão está perto, ou quando o salário é gratificante; mas, em qualquer circunstância deve ser bem feito, para a maior glória de Deus. São Paulo, ao escrever aos colossenses, disse: “Tudo o que fizerdes, por palavras ou por obras, fazei´o em nome do Senhor Jesus, dando por Ele graças a Deus Pai” (Col 3,17). “Tudo o que fizerdes, fazei´o de bom coração, como para o Senhor e não para os homens. Sabeis que recebereis como recompensa a herança das mãos do Senhor. Servi ao Senhor Jesus Cristo” (Col 3,21). Esses ensinamentos do Apóstolo mostram que “tudo” o que fazemos deve ser bem feito, por amor a Deus e para Deus; e, é Dele, de Suas Mãos, que vamos receber o prêmio da fidelidade de ter trabalhado bem, por mais simples que seja o nosso ofício. Portanto, é preciso ensinar o filho a trabalhar como se o Senhor fosse o Patrão; e na verdade Ele é o grande Chefe desta oficina que é o mundo. Não permitam que os filhos caminhem na ociosidade, para que não cheguem às moradas dos vícios.
Ira e ressentimento
O ser humano, naturalmente, é levado à ira e ao ódio quando é contrariado e ofendido; uns mais, outros menos, conforme a própria índole. Os pais cristãos precisam ensinar aos filhos o que Jesus nos ensinou: “não pagar o mal com o mal”, mas com o bem. E isto não é fácil; pois o mundo ensina sempre o “bateu, levou”, isto é, o revanchismo, a desforra. “Não resistais ao mal. Se alguém te ferir na face direita, oferece´lhe também a outra” (Mt 5,38). “Quando o ímpio amaldiçoa o adversário, amaldiçoa´se a si mesmo” (Eclo 21,30). “Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem” (Mt 5,43). A marca mais distintiva do cristianismo é o perdão que vence o ódio, o desejo de vingança, a sede de represália. Sobretudo neste ponto é difícil educar os filhos porque o mundo fala´lhes uma linguagem oposta. Mas, se quisermos os nossos filhos verdadeiramente cristãos, temos que insistir nesta máxima de Cristo, o perdão. O ódio é destruidor; a violência gera mais violência; o mundo só poderá ter paz a partir da quebra da corrente da violência pela força do perdão. Sobretudo é preciso exigir dos filhos este comportamento em casa, e nunca permitir que fiquem uns brigados com os outros, sem se falarem, etc. “Agora, porém, deixai de lado todas essas coisas: ira, animosidade, maledicência, maldade, palavras torpes … (Col. 3,8). Os pais devem desenvolver nos filhos a virtude da mansidão cristã que sabe perdoar. “Aquele que se quer vingar sofrerá a vingança do Senhor, que guardará cuidadosamente os seus pecados” (Eclo 28,1). “Não se ponha o sol sobre o vosso ressentimento. Não deis lugar ao demônio” (Ef 4,26). O ódio é como que a cólica da alma; antes de matar o inimigo, mata primeiro, lentamente, o próprio dono. É um lento suicídio. A cólera é como uma loucura momentânea, que se não for contida termina em tragédia. Por isso, é sinal de sabedoria saber conter´se e passar por cima da ofensa recebida. Longe de ser um ato de fraqueza, é um gesto de fortaleza, digno dos fortes. O perdão é a face mais bela do amor, por isso Cristo morreu perdoando os seus algozes. Foi a maior lição que Ele nos deixou.
Inveja e ciúmes
Outro mal que deve ser combatido nos filhos é a inveja que se aninha no coração. Ela é mais forte e mais comum no filho inseguro; este sente´se mal diante do sucesso dos irmãos e dos amigos, e torce para que esses fracassem. O sentimento de inveja e de ciúme deve ser combatido pela benevolência, que consiste em pensar bem dos outros, desejar o seu bem, falar bem deles, e ajudá´los nas suas necessidades. Por inveja aconteceu o primeiro assassinato da humanidade, um fratricídio, Caím matou Abel. E a bíblia nos assegura que foi por inveja que o pecado e a morte entraram em nossa história. “É por inveja do demônio que a morte entrou no mundo…” (Sb 2,24). Foi também por inveja que os irmãos de José o venderam para a caravana que ia para o Egito. Também Jesus foi morto por inveja (cf. Mt 27,18), por parte daqueles que não tinham o seu poder e a sua autoridade. “A inveja e a ira abreviam os dias, e a inquietação acarreta a velhice antes do tempo” (Eclo 30,26). A inveja é um baixo sentimento; próprio daqueles que não se conformam com o próprio fracasso ou com uma posição inferior aos outros. Devemos ensinar aos filhos se contentarem com o que são, com o que têm e com o que fazem, e lutar para superar a si próprios, sem a necessidade de derrubar os outros.
Avareza e caridade
Todos sabemos a atração que o dinheiro exerce sobre nós. Uma das piores escravidões é a dele, pois faz o homem viver em sua função, colocando abaixo dele sentimentos nobres e as próprias pessoas. Não é à toa que São Paulo diz que: “o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” (1Tim 6,10). E Jesus nos alertou que “ninguém pode servir a dois senhores: a Deus e ao dinheiro´ (Mt 6,24). A avareza é mostrada na Bíblia como uma idolatria (cf. Ef 5,5; 1Cor 6,10) que deve ser evitada. Também aqui o exemplo dos pais, e a sobriedade no uso do dinheiro, será importante para ensinar aos filhos o seu uso correto. Diz o eclesiástico: “Nada mais vil do que o amor ao dinheiro: aquele que o ama chega até a vender a sua alma” (Eclo 10,10). “Para o homem avarento e cúpido a riqueza é inútil; para que serve o ouro ao homem invejoso” (Eclo 14,3). “Quem procura enriquecer afasta os olhos de Deus” (Eclo 27,1). Muitos pais só se preocupam em trabalhar cada vez mais, e não têm tempo para os filhos. Cobre´os com excesso de dinheiro, roupas e bens, mas deixam´lhes faltar o essencial: a sua presença. É preciso fugir desta escravidão. “As vigílias para enriquecer ressecam a carne, as preocupações que elas trazem tiram o sono” (Eclo 31,1). Os pais devem estimular nos filhos o amor aos pobres e ensinar´lhes a importância da esmola. “Estende a mão para o pobre, a fim de que sejam perfeitos teu sacrifício e tua oferenda” (Eclo 7,36). “Encerra a esmola no coração do pobre, e ela rogará por ti a fim de te preservar de todo o mal” (Eclo 29,15). “Por causa do mandamento, socorre o pobre; e não o deixes ir com as mãos vazias na sua indigência” (29,12). O avarento é o mais infeliz dos homens pois chega a amar a seus bens mais até do que a si mesmo. O Eclesiástico lembra que: “Aquele que ama o ouro não estará isento de pecado. O ouro abateu a muitos, e os seus encantos o perderam” (Eclo 31,5´6). Todos precisamos do dinheiro para viver; portanto, em si mesmo, ele não é mal; o perigo está no “amor” ao dinheiro, isto é, na avareza. “Bem´aventurado o rico que foi achado sem mácula, que não correu atrás do outro, que não colocou sua esperança no dinheiro e nos tesouros” (Eclo 31,8). Ensinar aos filhos a prática da caridade é a maior lição que podemos lhes dar; pois, como disse São Paulo, “a caridade é o vínculo da perfeição”(Col 3,14); “é a plenitude da Lei” (Rom 13,10); ela “encobre uma multidão de pecados”( 1Pe4,8); vivê´la “é cumprir toda a Lei e os Profetas”(Mt 22,37). Como é importante ensinar o filho a dar o pão àquele que tem fome e dar o coração àquele que está triste! Ensine´o a “fazer o bem sem olhar a quem”, como diz o provérbio. E, sobretudo ajudá´los a ver o próprio Cristo em cada irmão que sofre. São Bento colocou nas Regras dos seus mosteiros, esta preciosidade: “ Todo hóspede que vem ao mosteiro deve ser recebido como se fosse o próprio Cristo”. Que tal ensinar os filhos a acolherem cada um que vem a eles, pedir ajuda, como se fosse o próprio Cristo necessitado? “Que tua mão não seja aberta para receber e fechada para dar” (Eclo 4,31). A nossa mente se enriquece com aquilo que recebe, mas o nosso coração, com aquilo que dá. Paulo VI disse um dia que: “ninguém é tão rico que não tenha o que receber, e ninguém é tão pobre que não tenha o que dar”. Mesmo nos momentos de dificuldades, podemos continuar a fazer a caridade, e ensiná´la aos filhos. Se não sabemos ser generosos na penúria, também não o seremos na abundância; pois a caridade não é uma questão de quantidade, mas de qualidade. Mais do que ensinar os filhos a dar, é preciso ensinar´lhes a dar´se. Amar é dar´se, gratuitamente, voluntariamente, resumiu Michel Quoist. É bonito dar de nossas posses, mas é mais belo dar de nós próprios. Alguém disse que “Deus dá a quem dá, mas se doa a quem se dá”. “O Dom que cada um recebeu, ponha´o a serviço dos outros, como bons administradores da tão diversificada graça de Deus” (1Pe 4,10).
Gula e temperança
Desde pequeno os filhos precisam ser treinados na virtude da temperança no comer. É importante ensinar´lhes que “come´se para viver, e não, vive´se para comer”. Isto desvirtua aalimentação. Voltaire dizia que “o homem é o único animal que come sem ter fome e bebe sem ter sede”. O alimento não pode se transformar apenas num meio de prazer. Sabemos da importância de uma “ração balanceada” e dos perigos do excesso no comer. Joelmir Betting disse certa vez que “uma parte da humanidade faz regime; a outra, passa fome”. Os pais devem ensinar os filhos a adquirir o equilíbrio. Não se pode permitir que o filho, diante de um prato preferido, coma sem limites… Amanhã este mesmo filho não saberá se dominar diante de outras situações mais graves. É imperioso ensinar aos filhos o autocontrole e a continência. Homem não é aquele que domina os outros, mas aquele que domina a si mesmo. Por isso, a liberação desregrada de todos os instintos, é a pior escola do nosso mundo atual. Ela forma caricaturas de homens. São Paulo fala daqueles para os quais “o deus é o ventre”(Fl 3,19) e Jesus manda ter cuidado sobre nós mesmos “para que os nossos corações não se tornem pesados com o excesso de comer, com a embriaguez e com as preocupações da vida” (Lc 21,34). O Eclesiástico ensina que: “A insônia, o mal´estar e as cólicas são o tributo do intemperante” (Eclo 31,23). “O excesso no alimento é causa de doença, e a intemperança leva à cólica”. Muitos morreram por causa de sua intemperança; o homem sóbrio, porém prolonga a sua vida” (Eclo 37,32´34).
Caráter e Consciência
Sabemos que o caráter é o eixo da educação. Por isso os pais têm o grave dever de formar nos filhos um caráter reto e uma vida honesta. Sêneca dizia que de “nada vale ensinar aos jovens o que é a linha reta, se não lhes ensinarmos o que é a retidão”. Spalding repetia que “as civilizações perecem não por falta de cultura, mas por falta de moral”. O caráter dá esplendor aos jovens e respeito aos velhos. Em todos os tempos, os homens de caráter firme foram as colunas da sociedade. Portanto, cultivando o caráter dos nossos filhos estaremos cultivando o solo sobre o qual crescerá a verdadeira civilização. A grandeza de uma nação ou de uma família não depende da extensão de suas terras, mas do caráter dos seus filhos. No Talmud dos israelitas, há uma passagem que diz: “Onde melhor se conhece o caráter de um homem é em assuntos de dinheiro, à mesa, e nos momentos de ira”. Tudo pode se perder nesta vida, a fama, a popularidade, a riqueza, menos o caráter. Uma mostra de caráter vil é o emprego de servilismo com os grandes, e arrogância com os pequenos. Um caráter elevado se forma no cumprimento fiel e esmerado dos deveres. A sabedoria ensina que os pensamentos geram os atos, os atos geram os hábitos, os hábitos moldam o caráter, o caráter firma o destino do homem. A Bíblia afirma que: “o filho mal educado é a vergonha do seu pai” (Eclo 22,3). Os pais não podem deixar de corrigir os filhos, de imediato, diante de um ato de mau comportamento: roubo, mentira, desrespeito com os outros, desordens, perturbações, etc. Acima de tudo há que ensinar o filho a obedecer à voz sagrada da consciência, que é a própria voz de Deus. Nela Ele escreveu a Lei natural para guiar o homem. Santo Agostinho diz que o Senhor escreveu os Dez Mandamentos nas pedras, porque o homem já não conseguia lê´los em seu coração. O maior crime é fazer calar brutalmente a voz da consciência. E isto se dá quando não a obedecemos. A maior lição que guardei de meu pai, um homem simples e piedoso, que criou nove filhos, foi esta: “Meu filho, não faça nada contra a sua consciência”. Jamais esqueci esta lição. Quanto mais eu vivo mais se agiganta essa lição paterna, e mais sinto que nada compensa ser feito se é contra a consciência. Violar a voz da consciência é o mesmo que violar´se a si mesmo; pois ali é o lugar sacrossanto onde estamos a sós e com Deus. Ghandi dizia que o único tirano a que ele se submetia, sem restrições, era àquela suave voz que falava dentro dele. Notamos, cada dia mais, que todas as formas de censura, mesmo as boas e necessárias, estão caindo; em breve a única censura será a consciência de cada um. E se esta não existir? E se os filhos não aprenderem a respeitá´la? É por isso que voltamos ao paganismo pré´cristão. São Paulo, ao falar aos romanos da necessidade de submissão às autoridades, por exemplo, dizia que “é necessário submeter´se, não somente por temor do castigo, mas por dever de consciência” (Rom 13,5). Eis aqui algo importante a ser ensinado aos filhos: fazer o bem, não por medo do castigo, mas por “dever de consciência”. A voz da consciência nos ensina permanentemente: “faça o bem, evita o mal”; mas ela precisa ser bem formada; e isto só pode ser feito pela Lei de Deus e seus mandamentos. Em discurso aos Bispos do Brasil, em Roma, em 1995, o Papa João Paulo II recomendou´lhes o uso do Catecismo da Igreja para bem formar a consciência dos fiéis. “Tende uma consciência reta a fim de que, mesmo naquilo em que dizem mal de vós, sejam confundidos os que desacreditam o vosso santo procedimento em Cristo” (1Pe 3,16). Precisamos ensinar a nossos filhos que a consciência não pode ser vendida por nada: nem pelo poder, nem pelos prazeres deste mundo e, muito menos por causa do dinheiro. Aprendamos, mais uma vez, com a Sabedoria de Deus: “Vale mais o pouco com o temor do Senhor que um grande tesouro com a inquietação”. “Mais vale um prato de legumes com amizade que um boi cevado com ódio” (Prov 15,16´17).
As palavras e a verdade
Os santos diziam que “se não é possível falar bem de uma pessoa, então, é melhor que não se diga nada”. Um dos pontos mais importantes na educação é ensinar aos filhos a fidelidade à verdade e o bom uso das palavras. O domínio da língua será sempre sinal de maturidade e de equilíbrio. São Tiago chega a dizer que: “Se alguém não cair por palavra, este é um homem perfeito, capaz de refrear todo o seu corpo” (Tg 3,2). O Apóstolo compara o domínio da língua ao freio que se põe na boca dos cavalos e ao controle de imenso navio pelo pequeno leme. Assim como um pequeno palito de fósforo aceso incendeia toda uma imensa floresta, da mesma forma uma má palavra, gera imensas brigas, complicações, discórdias e divisões. “Não acostumes tua boca a uma linguagem grosseira, pois aí sempre haverá pecado” (Eclo 23,17). “Não sejas precipitado em palavras e (ao mesmo tempo) covarde e negligente em tuas ações” (Eclo 4,34). “A palavra manifesta o que vai no coração do homem” (Eclo 27,7). É preciso ensinar os filhos a serem moderados com as palavras, proibindo´lhes falar palavrões, se intrometerem nas conversas alheias, etc; e mais dados a ouvir e a aprender, do que a falar. As palavras são como as moedas, às vezes uma só vale por muitas outras. Quanto mais fortes forem os nossos argumentos, mais baixa pode ser a nossa voz. Vitor Hugo dizia que: “palavras fortes e amargas indicam uma causa fraca”. “Escuta com doçura o que te dizem a fim de compreenderes, dará então uma resposta sábia e apropriada. Se tiveres inteligência, responde a outrem, senão, põe a mão sobre a tua boca, para que não sejas surpreendido a dizer uma palavra indiscreta, e venhas a te envergonhar dela” (Eclo 5,13´15). Muitas são as recomendações da Palavra de Deus, para a moderação da língua. E há um provérbio que diz que “o peixe morre pela boca e o homem pela língua”. “O homem de conversa imprudente torna´se odioso” (Eclo 9,25). Não se pode permitir também que os filhos critiquem a todos e a tudo sem reflexão; e, para isto, é preciso que os pais não falem mal dos outros, especialmente diante dos filhos. “Não censures ninguém antes de estares bem informado; e quando te tiveres informado, repreende com equidade. Não indagues das coisas que não te dizem respeito; não te assentes com os maus para julgar” (Eclo 11,8´9). Há pessoas que falam antes de pensar; suas palavras são irrefletidas, e suas consequências são nefastas: “O coração dos insensatos está na boca; a boca dos sábios está no coração” (Eclo 21,29). “Uma palavra inoportuna é como a música em dia de luto” (Eclo 22,6). A educação para a verdade é fundamental para formar bem o caráter do homem. Muitos são dados à mentira. É preciso mostrar aos filhos que ela tem “pernas curtas”; e que tão logo descoberta causará vergonha e desrespeito ao mentiroso. Jesus apresentou´se como “a Verdade” (Jo 14,6) e ensinou´nos que o demônio é “o pai da mentira”(Jo 8,44). Basta isto para mostrar a importância da verdade e a periculosidade da mentira. “A mentira é no homem uma vergonhosa mancha, não deixa os lábios das pessoas mal educadas” (Eclo 20,26). A verdade santifica e nos faz semelhantes a Deus, pois nos purifica de toda impureza da alma. Os pais precisam ser exemplos de verdade e de autenticidade aos filhos, sem falsidades e dissimulações. Jesus disse que veio ao mundo para “dar testemunho da verdade”(Jo 18,37) e que “a verdade nos liberta”(Jo 8,32). O Apóstolo São João o apresenta como “cheio de graça e de verdade” (Jo 1,14). Sobretudo é necessário conduzir os filhos à verdade ensinada pela Igreja, recebida de Cristo. É por isso que São Paulo afirma a Timóteo que “a Igreja é a coluna e o sustentáculo da verdade”(1Tm 3,15). Precisamos ensinar nossos filhos a amar e viver tudo o que a Igreja ensina, “sem contestações”. Sabemos que o Magistério da Igreja recebeu de Cristo o dom da infalibilidade para nos ensinar a doutrina (fé e moral). Esta certeza está no fato de Jesus estar com a Igreja sempre: “Eis que estarei convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mt 28,18). E, na última Ceia, o Senhor prometeu: ´o Espírito Santo ficará eternamente convosco” (Jo 14,16) e “ensinar´vos´á toda as coisas” (Jo 14,26), e “toda a verdade” (Jo 16,12). Por ser assistida e guiada permanentemente pelo Espírito da Verdade, a Igreja não erra ao apontar´nos o caminho da salvação. Esta é uma certeza que os pais cristãos precisam ensinar aos filhos para que sejam felizes e sejam bem guiados por toda a vida. A Igreja nos deu o novo Catecismo para que conheçamos com clareza a verdade da fé. Cabe aos pais conhecer este Catecismo para poder tirar as dúvidas dos filhos e ensinar´lhes o que a Igreja manda.
Adversidades e Sofrimentos
Já vivemos o suficiente para saber que a vida não é um mar de rosas, como diz o povo; aliás, é mais “um vale de lágrimas”, ensina a Igreja, por causa do pecado. Mas é possível enfrentar o sofrimento sem desespero e sem desânimo; e esta é uma lição que os pais têm que ensinar aos filhos. Pela fé e pela paciência, ou resignação, vencer a dor. E, sobretudo fazer´lhes entender que todo o sofrimento deste mundo, qualquer que seja, tem sempre a sua raiz última no pecado. “O salário do pecado é a morte”(Rom 6,23). Esta frase do Apóstolo diz tudo; explica a razão de toda a miséria humana. É preciso mostrar aos filhos que também nas adversidades podemos crescer. Elas nos dão a oportunidade de olhar o mundo com mais profundidade e fazem nascer em nós a coragem, indispensável para a vida. Shakespeare disse que “não é digno de saborear o mel aquele que se afasta da colmeia com medo das picadas das abelhas”. A adversidade se vence com a fé e com a paciência, portanto, precisamos ensinar os jovens a cultivá´las. Um provérbio chinês diz que “o homem que removeu a montanha, começou por carregar pequenas pedras”. O jovem é naturalmente apressado e impaciente; cabe aos pais ir mostrando´lhe, passo a passo, a importância da paciência e da perseverança para vencer os obstáculos difíceis. A Imitação de Cristo diz que “aquilo que o homem não pode emendar em si mesmo ou nos demais, deve ele tolerar com paciência até que Deus disponha de outro modo”. Como são belas as palavras do Eclesiástico: “Aceita tudo o que te acontecer; na dor permanece firme; na humilhação tem paciência. Pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a prata, e os homens agradáveis a Deus pelo cadinho da humilhação”( Eclo 2,4´6). Se de um lado, o egoísmo leva à morte, o sacrifício, por outro lado, leva à vida. Antes do tempo chegar à primavera, tem que passar pelo inverno. Por isso, temos que ensinar aos filhos a importância do sacrifício. É salutar para todos nós fazer, propositadamente, aquilo que não gostamos. Desta forma, o corpo vai sendo submetido ao espírito, e nos tornamos cada vez mais homens.
Do livro ´ FAMÍLIA, SANTUÁRIO DA VIDA´ ´ do Prof. Felipe Aquino

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